Apesar de o tema tecnológico mais falado do mês ser, provavelmente, o LK-99, opto por não dar ainda a minha opinião sobre este tema, pura e simplesmente, porque não tenho conhecimento suficiente para poder discernir a maior revolução de todos os tempos em supercondutores de mais um embuste nesta área. Mas prometo ficar atento ao assunto para perceber se estamos perante aquele que se intitula o material que, finalmente, vai solucionar o problema mundial de energia e dos transportes.
Prefiro falar de duas outras boas notícias relacionadas com a estandardização dos sistemas de carregamento de veículos elétricos na Europa. A primeira é o plano de implementação de postos de carga de 400 kW para veículos ligeiros a cada 60 km, nos principais corredores europeus de transporte rodoviário (a serem actualizados para 600 kW, até 2028) e carregadores de 1400 a 2800 kW para veículos pesados, em metade das principais estradas europeias, também previsto até ao mesmo ano.
A segunda, e não menos relevante notícia, é sobre a simplificação do processo de pagamento nos postos de carga em toda a Europa, que deverão passar a aceitar cartões de pagamento ou dispositivos contactless, sem necessidade de ter qualquer tipo de subscrição. Além disso, nos pontos de carga, devem estar expostos os custos de carregamento de uma forma clara e direta em kWh ou por minuto de utilização. Regras que seguramente vão facilitar as viagens entre países europeus em veículos elétricos.
A única coisa a lamentar nestes progressos é o facto de apenas terem sido possíveis pela força da lei do Parlamento Europeu e não pela natural coordenação das diferentes entidades envolvidas neste mercado. Isto é algo que me faz lembrar a forma como a Comissão Europeia fez a implementação do RGPD, num conjunto de regras essenciais da protecção dos dados pessoais, que claramente tinha falhado nas anteriores tentativas de autorregulação.
A situação demonstra, mais uma vez, a importância do papel das instituições europeias na definição de regras base para o bom funcionamento de mercados-chave, bem como a capacidade de estas se reflectirem em outros países não pertencentes à Comunidade Europeia. E, neste caso, o Reino Unido é um bom exemplo, ao fazer a aplicação quase simultânea das mesmas regras, indo inclusive mais além, com a exigência de 99% de fiabilidade nos postos de carregamento no seu território.
Esta decisão é algo que, reciprocamente, também vai ajudar os fabricantes de postos de carregamento a elevarem os seus padrões de qualidade na construção e os operadores a terem de melhorar os processos de monitorização e manutenção do seu funcionamento.