Lançado a partir do Cabo Canaveral em Novembro de 2011, o robô Curiosity só era suposto durar dois anos na superfície do planet Marte. Doze anos mais tarde, o robô, que tem o tamanho de um carro utilitário, continua as suas aventuras na superfície do Planeta Vermelho e a NASA acaba de lhe actualizar o software.
Entre 3 e 7 de Abril deste ano, o robô Curiosity foi colocado em “pausa” para manutenção do software interno. A NASA usou estes dias para instalar a actualização mais recente do software do robô, que esteve em desenvolvimento durante anos e que tem como um dos objectivos, aumentar o tempo de vida útil do robô e também melhorar algumas das suas funcionalidades.
O desenvolvimento do novo software do Curiosity começou em 2016, ano em que o software também foi actualizado. A nova versão do software de navegação (R13), introduz 180 alterações no funcionamento dos sistemas do robô, incluindo duas que permitem ao robô deslocar-se mais depressa na superfície de Marte e reduzir o desgaste nas rodas.
Uma das alterações mais importantes que foram implementadas pela NASA, tem a ver com a velocidade com que o robô consegue processar as imagens do que o rodeia, quando está a planear uma rota para contornar obstáculos. Os robôs mais recentes que chegaram a Marte, como o Perserverance, estão equipados com computadores que têm capacidade suficiente para processar as imagens do que os rodeia em tempo real, mesmo que estejam em movimento. No caso do Curiosity, o robô tem de pára de tempos a tempos para ver as condições da superfície em que está e fazer correcções de rota.
A menos que haja em breve uma viagem a Marte com seres humanos, a NASA não tem possibilidade de fazer um upgrade ao hardware do Curiosity, mas esta versão do software é rápida o suficiente para que o robô apenas tenha de parar durante “alguns segundos”, quando anteriormente era necessário parar durante, pelo menos, um minuto de cada vez. Outra vantagem deste novo software, é que o Curiosity gasta menos energia e assim vai aumentar o tempo da missão em Marte até que o seu gerador termoeléctrico deixe de conseguir produzir energia suficiente.
A segunda grande novidade que está incluída na versão R13 do software do Curiosity tem a ver com as rodas, que são feitas em alumíno, que começaram a mostrar sinais de desgaste logo no primeiro ano da missão. As actualizações anteriores que foram instaladas no robô tinham componentes de software que permitiram melhorar a tracção. Na versão R13, foram adicionados dois novos comandos de mobilidade que reduzem a necessidade de virar as rodas quando o robô está a fazer um arco em direcção a um determinado local. Desta forma, o processo de condução é simplificado e reduz-se o desgaste das rodas.
Como se pode imaginar, actualizar o software de computador que está a milhares de quilómetros é uma tarefa algo assustadora, mesmo quando esse software passou anos a ser testado. Tal como acontece com um computador ou um dispositivo móvel: “Nunca se sabe o que pode acontecer até que o software esteja todo instalado” e, se algo correr mal, não hipótese de lá ir desligar o robô e voltar a ligá-lo, ou repôr o software original.
Segundo a NASA, o software que foi enviado para o Curiosity tinha 21,921 MB (um pouco maior que a versão R12, que tinha 21,304 MB). A actualização foi dividida em 51 ficheiros diferentes, que foram enviados para o Curiosity entre Novembro e Dezembro de 2022. A instalação foi feita em várias etapas, que permitiam retornar ao à versão anterior se algo corresse mal. Apesar de o software R13 já estar instalado e a funcionar, a versão R12 ainda está numa parte reservada da memória do robô, caso seja necessário repô-la.