O primeiro tablet Surface tinha um processador Arm e, francamente, servia para pouco. Mas, com a nova geração de processadores, o caso mudou de figura e parece que Microsoft acha que esta tecnologia já está suficientemente madura para ser colocada no seu tablet topo de gama. O Surface Pro 9 é, tal como os outros modelos, um tablet que se consegue transformar num computador através da ligação de um teclado. Neste caso, há um espaço para guardar uma caneta digital.
Tal como nos outros modelos, o Surface Pro 9 tem um apoio na parte de trás que o permite ficar quase na vertical, quando está em cima de uma mesa. Este apoio pode ser dobrado um pouco mais para trás, para que o ecrã fique quase paralelo à superfície, o que facilita o desenho ou a escrita com a caneta. Como nos primeiros modelos Surface, a experiência de utilização com caneta é excelente: a resposta do ecrã (LCD de treze polegadas, 2880 x 1920) é quase imediata e consegue emular muito bem a escrita em cima de uma folha de papel.
Arm: nem tudo são rosas
Este Surface vem com um processador Microsoft SQ3, que não é mais que um Snapdragon 8cx Gen 3 da Qualcomm de 5 nm, fabricado de propósito para a marca – mas é claro que a empresa de Redmond introduziu algumas alterações ao SoC, que não foram mencionadas. Estes processadores com tecnologia Arm oferecem duas grandes vantagens: uma maior integração (o chip trata de tudo, desde a reprodução de som, aos gráficos – através da GPU integrado – e às comunicações com/sem fios) e um menor consumo de energia em relação aos processadores x86.
Mas nem tudo são rosas: como se trata de uma arquitectura diferente desta, no campo do software só há duas hipóteses: ou se faz a adaptação do existente para Arm, ou se aplica uma camada de emulação/tradução das instruções x86 para Arm. Este último caso é o menos ideal, visto que o desempenho nunca será o mesmo do de uma app nativa. Mesmo com esta funcionalidade, há software x86 que não funciona em Arm, como por exemplo os antivírus e outro software que dependa da execução de código a um nível mais baixo.
Efectivamente, além do Office, ainda há muito pouco software que interessa para Windows em com esta tecnologia, apesar dos esforços da Microsoft, que até lançou um computador feito especialmente para o desenvolvimento de aplicações para Arm.
Benchmarks mais empíricos
Esta realidade acabou por dificultar bastante as nossas medições, uma vez que o PCMark para PC não oferece os mesmos testes que na versão X86. Assim, fomos forçados a usar um método ligeiramente diferente, um pouco mais empírico, para dar uma nota a este Surface Pro 9; usámos ainda o Geekbench e o Cinebench para verificar o desempenho do processador.
A conclusão a que chegámos é que, realmente, há uma evolução muito grande no desempenho destes CPU, quando estão a executar aplicações que não foram criadas especificamente para este “ambiente” – no entanto, ainda há muito caminho a percorrer. Se compararmos o desempenho deste processador com o de um x86 equivalente, percebe-se que o resultado obtido é sensivelmente metade.
Uma nota final para o preço do tablet: o base é de 1679 euros (o que é alto para um dispositivo com 8 GB de RAM e um SSD de 256 GB), mas, se quiser o teclado e a caneta, terá de desembolsar mais 299 euros, o que dá um total de quase dois mil euros.
Distribuidor: Microsoft
Preço: €1679
Benchmarks
- Cinebench Single: 584
- Cinbench Multi: 2735
- Geekbench Single: 1018
- Geekbench Multi: 5654
- Autonomia: 660 minutos
Ficha Técnica
Processador: Microsoft SQ3, 8 núcleos, 3 GHz
Memória: 8 GB LPDDR4
Armazenamento: SSD M.2 256 GB
Placa Gráfica: Adreno
Ecrã: LCD de 13 polegadas (2880 x 1920)
Ligações: 2 x USB-C, Wi-fi 802.11 ax, Bluetooth 5.1
Dimensões: 287 x 209 x 2,3 mm
Peso: 878 gr