É uma das (se não, mesmo a principal) tendência no que respeita a novos conceitos de compras físicas: supermercados inteligentes e autónomos, onde não existem caixas para fazer o registo dos produtos que levamos, o que faz dos clientes autênticos ‘ninjas’, que entram e saem quase sem serem notados – pelo menos, por pessoas de carne e osso.
A Amazon foi a pioneira deste espaços, mas em Portugal há uma empresa que quer levar a experiência a outro nível: a Sensei. Esta semana, a startup inaugurou de forma oficial um espaço chamado ‘Dojo’ que serve apenas de demonstração tecnológica para estas compras “contactless”.
Com 500 metros quadrados, a Sensei diz que é a maior do género da Europa, embora não esteja aberta ao público. No mínimo, esta afirmação é dúbia: o facto de não ser uma loja funcional, faz com que não seja justo compará-la com alguns dos supermercados autónomos efectivamente abertos ao público que existem na Europa, como ao Aldi Shop & Go de Londres (486 m2) e de Utrecht (370 m2).
Em Portugal, também já existem lojas de género, 100% operacionais: o Continente Labs (no Campo Pequeno, Lisboa), que tem tecnologia da própria Sensei, vai um pouco além dos 150 m2; a Galp tem uma Smart Store no Instituto Superior Técnico, mas é do tamanho de um contentor de carga.
A maior loja funcional deste género será, assim, a Pingo Doce Go, na Universidade Nova de Carcavelos – 250 m2 – com tecnologia desenvolvida pela Jerónimo Martins, em parceria com a Forcom, a Reckon, a TrueWind e a OutSystems.
Desta forma, o espaço da Sensei é apenas um uma espécie de “ginásio” – daí, o nome ‘Dojo’ – onde os programadores e engenheiros da empresa – os “senseis” – vão “treinando” as várias tecnologias e algoritmos que servem de base a todo o conceito de compras deste tipo de lojas.
Em concreto, neste “campo de treinos” da Sensei, estão 450 câmaras apoiadas por sistemas de IA e machine learning que detectam os clientes e conseguem perceber que produtos retiram das prateleiras; estas, estão equipadas com sensores/balanças que “sabem” quantas unidades dos produtos existem e, consequentemente, estão em falta.
No que respeita a hardware, Nuno Moutinho confirmar que as câmaras e outros dispositivos utilizados são do «mais simples e acessível que existe», uma vez que a «complexidade» está toda do lado do software. O CTO garante ainda os dados que o sistema guarda sobre os clientes «estão sempre na loja e não numa cloud».
Vasco Portugal, CEO e co-fundador da Sensei, lembra que o Dojo reúne as tecnologias que proporcionam a «melhor experiência de compra» numa loja do género, em Portugal. Um dos argumentos que dá corpo a esta ideia tem que ver, não só com a “teia” de sistemas em que a loja assenta, mas também com o facto de não ser preciso uma app para fazer compras, como acontece actualmente em espaços como Continente Labs, a Pingo Doce Go ou a Galp Smart Store.
Se os clientes da Sensei optarem por este conceito, assim que se aproximem da saída com as compras (que até podem estar nos bolsos do casaco, por exemplo), o ecrã de checkout «reconhece tudo e o pagamento pode ser feito com cartão físico ou com o smartphone», explica Nuno Moutinho.
Implementada em parceria com a HP Enterprise e Nvidia, esta loja acaba por ser o ponto de encontro das tecnologias de topo no campo das lojas inteligentes, uma demonstração de como se pode «melhorar a forma como vivemos», sublinhou Carlos Leite, CEO da HP, no evento de inauguração. O mesmo, fez ainda questão de dizer que a promoção da Sensei a nível internacional vai ser uma «missão pessoal».
Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, também esteve presente e fez questão de deixar uma palavra de incentivo à empresa nacional: «A Sensei vai ser o próximo unicórnio português».
Resta saber com que grandes retalhistas é que este unicórnio se vai dar no futuro: sem nunca concretizar, Vasco Portugal e Nuno Moutinho garantem que vai haver «grandes aberturas» deste tipo de lojas em breve e que dentro de dois a três anos, estes espaços vão ser o standart da forma como fazemos compras – com ou sem app.