Em 2013, quando CR7 estava no auge, houve uma empresa portuguesa que teve uma ideia de fazer uma rede social inspirada naquele que já foi o melhor jogador do mundo: Viva Ronaldo.
Estava dado o pontapé de saída do que viria a ser Magycal, que na altura se chamava Viva Superstars. A empresa entrou em campo e “colou-se” ao futebolista para criar uma app que permitia interagir com o craque, acompanhar jogos em tempo real, publicar fotografias e, até, marcar encontros com Ronaldo.
«Queríamos testar as nossas capacidades e a app acabou por ser um bom cartão-de-visita para que nos tornássemos conhecidos. Pudemos testar a nossa plataforma com milhares de utilizadores e, até hoje, esta foi mesmo a app com mais funcionalidades que alguma vez desenvolvemos», conta Eduardo Dias co-fundador e CEO.
Até à pandemia, a empresa manteve o nome Viva Superstars, mas quando o país fechou, a equipa chegou à conclusão de que estava na altura de mudar: «Estávamos com a cabeça mais livre e iniciámos um brainstorming para fazer um rebranding», lembra o CEO. O nome escolhido acabou por ser o da plataforma tecnológica que a empresa já tinha: «Era a base da empresa», explica Eduardo Dias.
Actualmente, a Magycal (que tem ainda os programadores Pedro Centeio e Mário Franco como COO e CTO – na verdade, são oito os fundadores) tem duas grandes áreas de negócio: as plataformas de streaming OTT (over the top) e as second screen, estas últimas dedicadas a reality shows da TVI.
Mas é no OTT que se sente o “toque mágico” da startup nacional, cuja sede fica na Costa da Caparica, onde a PCGuia esteve durante uma manhã para conhecer os projectos e a equipa. É aqui que a Magycal dá cartas, com projectos onde se junta à SIC, ao Canal Panda e à SportTV.
Para a estação de Paço de Arcos, fez a renovação da Opto, a plataforma de streaming paga que, passados quais dois anos continua a ser única dentro do seu género: um serviço pago, com conteúdos exclusivos. O único concorrente será a RTP Play, mas a empresa do Estado mantém o serviço gratuito, tal como acontece com o TVI Player (onde a Magycal também participa), que também é um repositório de clips de vídeo do canal.
«A nossa plataforma é totalmente personalizável, esse é um dos seu grandes argumentos. Não vemos a Magycal OTT como um serviço de marca branca que podemos revender a outras empresas, porque acreditamos que temos uma mais-valia na configuração da plataforma. Conseguimos fazer o deployment de uma plataforma para um cliente em duas semanas, quando o normal são vários meses», garante Eduardo Dias.
Mas será a app Multiscreen, criada para a SportTV que caba por ser a jóia da coroa da Magycal. Esta aplicação, que tem 1,8 milhões de utilizadores registados, permite ver todos os canais da estação de desporto em directo e tem um chat para que os fãs troquem “ideias” durante os jogos, entre outras funcionalidades, como estatísticas e resultados em tempo real, além de uma parte dedicada à F1. A app foi recentemente distinguida nos prémios SportsPro OTT Awards 2022: ficou no segundo lugar na categoria ‘Best User Experience’.
Finalmente, e num registo mais informal e descontraído, a Magycal criou uma plataforma de entretenimento para o Canal Panda, onde as crianças podem ver os conteúdos de animação: há apps para iOS e Android.
Este ano, ainda sem novos projectos de OTT no horizonte, a Magycal vai apostar na internacionalização e já tem um cliente europeu: o Bayern de Munique pediu à startup nacional para «melhorar a experiência de UX» do player de vídeo das suas plataformas: «É um projecto pequeno, mas que nos pode abrir a porta para outros clientes internacionais», assume Eduardo Dias.
O futuro da Magycal deverá mesmo passar por objectivos além-fronteiras, já que, em Portugal, a startup não tem mais coelhos para tirar da cartola – o CEO acredita que o «País está esgotado» para projectos de OTT.