Quis escrever a review de Hogwarts Legacy depois de ter passado mais de 50% da main quest para ter realmente uma visão abrangente deste jogo de mundo aberto e posso afirmar que tenho algumas coisas a dizer sobre ele. Daí só estar a ser publicada agora.
História
A história é, como seria de esperar, típica de Harry Potter: uma conspiração que leva a uma aliança entre os Goblins (que sempre foram mal tratados pela população humana capaz de usar magia) e uma facção de feiticeiros humanos que quer alterar o equilibro de poder no mundo da magia.
Depois de criar o personagem, chegamos a Hogwarts directamente no quinto ano e, tal como aconteceu em Harry Potter, temos de passar pelo ‘Sorting Hat’ para escolher a casa a que vamos pertencer na escola. Para além dos aspectos cosméticos relativos a cada casa, a escolha de uma casa dá acesso a missões secundárias diferentes.
Para além de conseguir usar magia, o nosso personagem tem uma capacidade especial, que não está ao alcance de todos feiticeiros: a capacidade de ver e usar “magia antiga”, que sai fora dos feitiços tradicionais das histórias de Harry Potter. Este tipo de magia diferente serve, por exemplo, para arremessar objectos contra inimigos e tem um ataque especial que, em muitos casos, consegue pôr um inimigo fora de combate de uma só vez. É a capacidade de ver e usar esta magia que permite ao nosso personagem juntar todas as peças para descobrir e eliminar a conspiração de Goblins e feiticeiros.
O que se pode fazer?
Hogwarts Legacy está cheio de coisas para fazer para além da missão principal. E há missões para todos os gostos, desde corridas de vassouras a contra-relógio, concursos e duelos de magia, salvamento de animais mágicos das garras de caçadores furtivos, às missões que nos são dadas por NPC, como professores, amigos e até mesmo NPC que o nosso personagem conhece na hora. Infelizmente, não há jogos de Quidditch.
Estas missões secundárias têm vários propósitos: servem para fazer avançar o nível do personagem e também acrescentar feitiços ao nosso arsenal.
Há muitos puzzles ocasionais, como os Merlin Trials, que estão espalhados pelo mapa e que, depois de resolvidos, aumentam o espaço no inventário. Ou os portais espalhados por Hogwarts que têm um tesouro do outro lado e que, para se conseguirem abrir tem de se resolver um enigma.
Depois há os desafios. Os desafios são de 5 tipos diferentes, do combate à exploração. Quando se completa um destes desafios, são nos dados melhoramentos, como protecções especiais ou objectos cosméticos.
Progressão
Em Hogwarts Legacy, à medida que subimos de nível são-nos atribuídos pontos que depois servem para melhorar os nossos feitiços. Ao contrário de outros jogos deste género, cada melhoramento custa apenas um ponto, mas a velocidade com que se sobe de nível decresce significativamente assim que chegamos a nível 20, o que, na prática, serve para travar a melhoria dos feitiços para que o jogo não fique fácil demais.
Também podemos melhorar os atributos da roupa e acessórios para obtermos vantagens ofensivas e defensivas, mas, para tal, temos de reunir recursos, que, normalmente, estão relacionados com os animais mágicos que vamos apanhando pelo mapa.
Coisas que fazem confusão
Os jogos de mundo aberto são jogos lentos, que demoram muito tempo a acabar (especialmente se gostar de acabar todas as missões e desafios antes de acabar a missão principal) e, inevitavelmente, são jogos em que se tem de fazer a mesma coisa várias vezes, seja lançar os mesmos feitiços ou ir a lugares repetidamente. Por isso, quem desenvolve jogos deste tipo tem de ter cuidado com o que o personagem diz e faz quando repete acções. Mas parece que quem desenvolveu Hogwarts Legacy não teve esse cuidado. Por exemplo, cada vez que entramos em Hogsmeade, o personagem diz sempre a mesma coisa. Passa-se o mesmo com os feitiços. Em alguns feitiços, o personagem di-los sempre que os usamos (acho que já consigo ouvir a palavra ‘revelio’ o feitiço usado para revelar os objectos que estão à nossa volta).
O sistema de controlo da vassoura precisa rapidamente de ser revisto e infelizmente estamos presos a um único angulo da câmara, o que é complicado, principalmente nas corridas de vassouras em que tem de passar por vários arcos e muitas vezes, depois de passar um, não se consegue ver o seguinte.
Coisas de que gostei muito
O mundo de Hogwarts Legacy é simplesmente gigante e está cheio de vida. De aranhas mortais a criaturas mágicas que podemos apanhar para levar para o nosso ‘Room of Requirement’. A captura de movimentos e sincronização das vozes com os modelos 3D dos personagens está excelente e graficamente, Hogwarts Legacy é uma obra prima.
Combate
O combate em Hogwarts Legacy é intenso e divertido, mas há duas ou três coisas que não funcionam muito bem. Por exemplo, quando há vários inimigos ao mesmo tempo, podemos bloquear a nossa vista num único, mas, às vezes, o jogo remove esse bloqueio e desatamos a mandar feitiços contra o primeiro inimigo que estiver à nossa frente. Há missões que se conseguem completar apenas em modo ‘stealth’, em que lançamos um feitiço que nos torna quase invisíveis, neste caso o feitiço que podemos usar contra o inimigo para o paralisar tem poder a mais.
Mas os problemas não lhe retiram a diversão. Gosto particularmente das ocasiões em que uso a ‘magia antiga’ num inimigo e o transformo numa galinha.
Editora: Avalanche
Distribuidora: Warner Bros Games
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox X | S
Versão testada: PlayStation 5
Preço: €74,99 (consolas), €59,99