A electrificação está a chegar ao mundo da aviação a passos (ou a voos) largos: são já vários os projectos neste campo um pouco por todo o mundo, como é o caso do Cavorite X5. Em Portugal, uma das notícias mais recentes foi a da compra dos aviões ES-30 (Heart Aerospace) pela companhia aérea regional Sevenair.
Este é mais um projecto alinhado com esta tendência, embora não seja o de um avião 100% eléctrico. O HERA é, sim, um projecto de uma aeronave híbrido-eléctrica, que está integrado no programa Clean Aviation da União Europeia.
Na lista de entidades que participa no HERA (acrónimo para Hybrid-Electric Regional Architecture – ‘arquitectura regional híbrido-eléctrica’) estão três portuguesas: ISQ, Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e a Almadesign.
Esta última empresa já tinha sido responsável pela criação dos interiores do ALICE, anunciado em 2019 como a «primeira aeronave comercial totalmente movida a electricidade».
«Híbridas, ultra-eficientes ou movidas a hidrogénio, estas são as características das aeronaves que se preparam para cruzar os céus já em 2050. Em causa está o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e disruptivas que permitam uma aviação sustentável, contribuindo para um sector mais amigo do ambiente e da sociedade em geral», lembra o ISQ.
Apesar de ainda estar no início, já são conhecidas as principais características técnicas do HERA: vai ter entre cinquenta a cem lugares, uma autonomia de cerca de 500 km e uma «propulsão híbrido-elétrica baseada em baterias ou células de combustível, como fontes de energia suportadas por Sustainable Aviation Fuel ou combustão de hidrogénio para a fonte térmica». O objectivo é ter uma redução até 90% de emissões de CO2.
No que respeita a «tecnologias e configurações inovadoras», o ISQ destaca a «distribuição eléctrica à escala de alta tensão MW, a gestão térmica, um novo design de asa e fuselagem e um novo armazenamento relacionado com baixas emissões de gases de efeito de estufa».
Com um um financiamento de 35 milhões de euros e duração de quatro anos, o projecto HERA tem ainda a participação de várias (e grandes) empresas: Airbus, DLR, Fraunhoffer, Honeywell, Onera, Rolls Royce, Siemens, Safran e Thales – no total, são 48 «reputadas instituições do sector da aviação, incluindo universidades», conclui o ISQ.