A intelligent Lab on Fiber (iLoF) nasceu em 2019 no programa Wild Card, da EIT Health, uma comunidade dedicada à inovação na saúde do Instituto Europeu da Inovação e da Tecnologia. Segundo Luís Valente, co-fundador e CEO da empresa, a ideia surgiu após «cem entrevistas com especialistas mundiais de farmacêuticas e empresas de biotecnologia», onde o empreendedor, em conjunto com as co-fundadoras Mehak Mumtaz e Paula Sampaio, se apercebeu de uma «enorme» oportunidade de mercado: Usar o potencial de inteligência artificial para acelerar a selecção dos pacientes em estudos clínicos e, no futuro, permitir escolher o medicamento certo para cada um.
A missão da iLoF é ser a «referência mundial na democratização do acesso à medicina personalizada» – para isso, criou uma plataforma baseada em algoritmos de machine e deep learning, que faz «uso de sinais ópticos para permitir a detecção e identificação de nano estruturas dispersas em fluidos biológicos». Isto levou à criação de uma «ferramenta económica, portátil e não-invasiva de triagem e estratificação de doentes» que pode ser usada para «recrutar pacientes para estudos clínicos» e o consequente auxiliar no «desenvolvimento de medicamentos personalizados».
O grande benefício está na transformação do processo de escolha de pacientes: é feito de forma «personalizada e adequada», tornando-o «mais confortável para o cliente e eficiente para a indústria» com «poupanças de cerca de 70% no tempo e de 40% no custo», salienta o empreendedor. Luís Vicente revela que «as quatro maiores empresas farmacêuticas investem mais de quatrocentos milhões de euros anuais no rastreio de pacientes para estudos clínicos de Alzheimer».
O futuro da medicina
A iLoF recebeu recentemente uma ronda de financiamento de cinco milhões de dólares (sensivelmente o mesmo valor em euros) para «acelerar pilotos correntes e futuros», assim como «agilizar o desenvolvimento da plataforma». Neste momento, a startup trabalha com «biotechs, hospitais e empresas farmacêuticas em três continentes, com projectos piloto» e, nos próximos 24 meses, conta que a plataforma seja «utilizada de forma plena em diversos estudos clínicos».
O co-fundador esclarece ainda que, a curto prazo, a iLoF quer «continuar a trabalhar com farmacêuticas para desenvolvimento de medicamentos personalizados» e a «recolher quantidades muito grandes de dados para aperfeiçoar os algoritmos e a ferramenta de estratificação de doentes com Alzheimer». Já a longo prazo, a ideia é «fazer crescer a biblioteca digital de biomarcadores e colocá-la ao serviço dos doentes», recorrendo a uma plataforma «inovadora de triagem de doenças», que servirá de «apoio a investigadores e cientistas para aprofundar a compreensão das doenças e ajudar os clínicos a detectar algumas das doenças mais graves e mortais do mundo, como cancro do ovário, ou a doença de Alzheimer».
Ao nível da internacionalização, a startup quer começar pelo «mercado europeu, devido à proximidade geográfica» e pelos EUA, dado que é «o maior mercado de cuidados de saúde». Há ainda planos para chegar a «Japão, China, Austrália e Canadá», já que são mercados farmacêuticos «relevantes». Com uma equipa dividida entre o Porto e Oxford (Reino Unido), a iLoF quer duplicar o número de colaboradores «nos próximos dezoito meses» e contratar «vinte profissionais para as áreas de física, ciência de dados, biologia e gestão de produto».