«Como no Espaço não há hospitais, são necessárias formas simples de analisar o estado de saúde dos astronautas ou dos turistas espaciais». Foi este o ponto de partida para a investigação multidisciplinar Lab-on-Paper.
O objectivo é conseguir «avaliar a saúde dos astronautas e dos futuros turistas espaciais», dizem os responsáveis pelo projecto, que se dividem pela Universidade de Coimbra, Instituto Superior de Engenharia do Porto e Universidade Nova de Lisboa. Nesta equipa está a actual ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.
Estes biossensores (usados pela «primeira vez», neste contexto) são «semelhantes às tiras de urina», sendo que a equipa de investigadores recorreu, em concreto, a «sensores de açúcar (glucose) e de antibióticos (tetraciclina)», explica a líder do projecto, Akmaral Suleimenova, do centro de investigação BioMark@UC.
Sobre o facto de o método da recolha de sangue não ter sido uma das escolhas do projecto, Akmaral Suleimenova lembra que esta técnica «é muito difícil» de executar no Espaço, uma vez que a «ausência de gravidade dificulta a transferência de líquidos».
A líder do projecto lembra que os «testes rápidos para saliva ou urina, que mudam de cor, são os mais adequados», pois, além de serem necessárias poucas quantidades de cada um destes fluidos, os resultados são visíveis a olho nu.
O envio-teste dos biossensores para o Espaço aconteceu esta semana, a bordo do foguetão MASER. Apesar de a experiência ter sido «bem-sucedida do ponto de vista da comunicação com o foguetão e de gravação de imagem prevista», a equipa assume que «nem todos os resultados esperados foram conseguidos».
Agora, o próximo passo será uma «análise detalhada de todos os dados recolhidos» para que, num segundo lançamento, seja possível «recolher não só os dados que não foram agora obtidos, como alargar o âmbito científico da experiência».