O segredo da astrofotografia é, tal como na fotografia nocturna, utilizar tempos de exposição elevados para captar o máximo de luz possível no sensor de imagem da câmara. Aqui, existem diversas condicionantes: não basta apontar para o céu e esperar encontrar a Via Láctea. Primeiro, é essencial estar num local onde o céu não tenha “ruído”, ou seja, iluminação ambiente, como as luzes de prédios e das ruas. É no campo que se conseguem os melhores resultados, especialmente em locais onde as povoações estão a distâncias significativas entre si, como na Cumeada, próximo da barragem do Alqueva, onde o observatório Dark Sky Alqueva conseguiu, a muito custo, convencer as autoridades locais a substituir a iluminação pública por soluções menos agressivas.
Tipos de fotografia
As típicas fotografias simples da Via Láctea já são facilmente captadas por uma máquina digital recente, utilizando um curto período de exposição; ou, então, fotografias de longa exposição, essenciais para captar objectos no espaço longínquo, como galáxias e nebulosas.
O problema é que este tipo de fotografia acaba sempre por sofrer com aquilo que mantém a Terra “viva”, a sua rotação. Isto não significa que não seja possível captar imagens deslumbrantes como os chamados star trails, os rastos das estrelas (e planetas) que se conseguem reproduzir devido à rotação da Terra. Uma solução para combater esse “problema” é a combinação de várias fotografias com curtos períodos de exposição, usando software como o DeepSkyStacker – esta é a solução ideal para imagens com uma elevada amplitude. Se o objectivo for fotografar a Lua ou um dos planetas do sistema solar, temos de usar um tripé equipado com um mecanismo de compensação de rotação (star tracker).
Equipamentos essenciais
Embora um smartphone actual já consiga captar imagens nocturnas impressionantes, nada bate a utilização de uma câmara digital, como uma DSLR ou mirrorless. Fabricantes como a Canon disponibilizam modelos específicos para astrofotografia, como a EOS Ra, que usa um filtro próprio para permitir a passagem da radiação electromagnética ainda presente num espectro visível muito próximo do comprimento de onda de radiações infravermelhas.
Isto pode parecer insignificante, mas a captação deste comprimento de onda específico é essencial para a captação de radiação de hidrogénio ionizado (H-Alpha), emitido por objectos celestes longínquos, como nebulosas.
A escolha da objectiva é igualmente fundamental, mas tudo depende do seu objectivo. Para fotografias mais amplas, recomendamos o uso de uma grande angular, entre 10 a 20 mm, com uma abertura rápida, nunca acima de f/4.0; depois, esqueça a focagem automática, pois isso de nada serve para fotografar o céu. Para captar astros específicos, o ideal será adquirir um telescópio, associado a um adaptador próprio para poder acoplar a sua máquina fotográfica. E, claro está, é essencial um bom tripé, que permita que todos estes equipamentos fiquem devidamente estáveis, pois o mais leve movimento, como uma rajada de vento, arruinará a sua fotografia de longa exposição.