A 20 de Outubro de 2004, a Canonical Ltd, lançava o seu sistema operativo orientado para computadores de secretária com a versão 4.10 Warty Warthog, o ambiente gráfico Gnome 2.8 e com ferramentas livres, ainda hoje usadas: Firefox, Gimp e Evolution, entre outras. Esta novidade, diferenciada para a época, veio revolucionar a adopção de sistemas Linux, tornando-os acessíveis e amigáveis de usar, em casa. O trabalho teve um impacto marcante, pois tem sido a base para diferentes distribuições desenvolvidas desde então, inclusive os vários “sabores” Ubuntu de que já falámos em artigos anteriores.
O foco inicial da Canonical no seu sistema para computadores de secretária tem vindo a mudar com o passar dos anos: os esforços feitos tem sido mais para servidores e empresas, criando uma certa insatisfação na comunidade. Apesar disto, esta nova versão estável, com o nome Jammy Jellyfish, mostrou que o trabalho continua a ser feito, e o “rei”, aparentemente esquecido, está de volta e melhor.
Visual melhorado
As alterações visuais desta última versão são, claramente, evidentes, muito devido ao Gnome 42 que traz melhorias. Exemplos disso são as janelas e os menus mais arredondados, a existência de mais cores (o que permite tornar todo o sistema mais homogéneo, de forma automática), o efeito fade (sem necessidade de instalar plugins adicionais), o modo escuro (sem instalar o gnome-tweaks ou alterar para o Yaru-Dark Shell). A personalização da dock também foi melhorada, a loja de aplicações gráfica (Snap Store) sofreu algumas melhorias visuais (embora não tão significativas como gostaríamos) e já é possível mudar a a posição dos ícones do ambiente de trabalho. Este equilíbrio e cuidado visual está bem enquadrado com o novo logótipo, bem menos arrojado diga-se, mas adaptado aos tempos actuais.
Aplicações, funcionalidades e desempenho
O Kernel está na versão 5.15 LTS, o que faz sentido, visto ser este um sistema totalmente compatível com os vários dispositivos Raspberry Pi 4. O gestor-padrão de janelas usado nesta versão é o Wayland – apesar de ainda não estar tão desenvolvido como o Xorg, notámos um bom funcionamento geral de grande parte dos programas usados: o resultado foi a melhor experiência que já tivemos, comparando com versões anteriores do Wayland. No entanto, se usar placas dedicadas da Nvidia, aconselhamos a mudança para o Xorg.
Outra melhoria foi nos recursos para usar mais que um monitor e várias áreas de trabalho. Desengane-se se pensa que, com tudo isto, o sistema ficou mais pesado, porque com o uso do Libadwaita, uma versão mais leve da linguagem de desenvolvimento adwaita (do ambiente gráfico Gnome), contribuiu para um melhor desempenho, não só no uso do sistema, como na boa gestão dos recursos de hardware, ao nível de memória e energia. O Console e o Gedit foram substituídos, respectivamente, pelo Gnome Terminal e pelo Text Editor, no Gnome 42; também há um novo recurso de captura de ecrã, não havendo necessidade de instalar nenhum software adicional.
A loja de aplicações gráfica padrão só sugere pacotes Snap para instalar, mas acreditamos ser uma aposta estratégica e de apoio técnico por parte da Canonical; no entanto, é um tema que tem gerado alguma insatisfação por parte da comunidade. Esta situação é facilmente resolvida com a instalação da loja de aplicações da Gnome, onde o utilizador escolhe que tipo de pacotes que instalar no sistema, se DEB, Flatpaks ou Snaps.
Como instalar o Ubuntu 22.04
O processo de instalação é muito idêntico a versões anteriores, mas com algumas adições, como a opção de funcionalidades avançadas (que permite seleccionar na nova instalação), o uso de LVM ou ZFS e encriptação do disco, a possibilidade de utilizar uma chave de recuperação além da senha de acesso e a configuração para Active Directory.
Conclusão
Como tenho mencionado nos vários artigos, não sou apreciador do ambiente gráfico Gnome, mas confesso que esta versão 42, no Ubuntu, ficou muito boa. Atrevo-me a dizer que é o melhor Ubuntu até ao momento: fez-me recordar as primeiras instalações que fiz do Ubuntu porque, em todas elas, a Canonical consegue criar um sistema simples para qualquer pessoa usar. Isto reflecte-se no processo de instalação, na compatibilidade, na usabilidade e na segurança. Desta forma, o Ubuntu é, na minha opinião, a melhor distribuição para computadores de secretária, seja ela a versão Vanila com Gnome, ou qualquer outra que tenha como base Ubuntu.