Na semana passada, durante uma reunião do grupo de trabalho da Nações Unidas para a redução de ameaças espaciais, o representante russo, Konstantin Vorontsov, disse que: “A Rússia quer sublinhar a tendência perigosa de ir além da utilização inofensiva de tecnologias espaciais durante os acontecimentos na Ucrânia. Nomeadamente, a utilização para fins militares de elementos de infraestruturas civis, incluindo comerciais, pelos Estados Unidos e os seus aliados.”
O representante russo nunca mencionou especificamente o serviço Starlink, mas há poucas dúvidas de que se estava a referir ao serviço de acesso à Internet via satélite da SpaceX.
Vorontsov avisou também que: “Parece que os nossos colegas não se aperceberam que estas acções constituem, de facto, um envolvimento indirecto num conflito militar. Por isso, estas infraestruturas espaciais podem transformar-se num alvo legítimo para retaliação legítimo. No mínimo, a utilização de satélites civis pode ser questionada ao abrigo do Tratado do Espaço Exterior, que obriga à utilização pacífica do espaço e deve ser condenada veementemente pela comunidade internacional.”
Depois destas ameaças do representante russo, Elon Musk publicou na rede social Twitter que a rede Starlink serve apenas para uma “utilização pacífica”.
Musk desafiou a Rússia várias vezes desde que começou a enviar carregamentos de terminais Starlink para Ucrânia, para que os cidadãos ucranianos pudessem continuar a aceder à Internet nas cidades cercadas. Desde o início da invasão russa, a Starlink enviou 12000 terminais para a Ucrânia e tem mais de 150000 utilizadores activos diariamente no país.
Received the second shipment of Starlink stations! @elonmusk keeps his word! Thank you for supporting Ukraine and peace in the entire world! @OMarkarova thanks! pic.twitter.com/hNZwsXkOCT
— Mykhailo Fedorov (@FedorovMykhailo) March 9, 2022
Em Novembro, a Rússia testou um míssil desenhado para destruir satélites. Este teste foi condenado por vários países porque causou uma grande quantidade de detritos que obrigaram a correcções de trajectórias em alguns satélites, incluindo vários operados pela Starlink. Nessa altura, Musk disse que a SpaceX conseguia ser mais rápida a lançar satélites do que a Rússia a abatê-los.
No início de 2022, Musk disse que a SpaceX podia impedir a Estação Espacial Internacional de reentrar na atmosfera terrestre, um cenário imaginado por Dmitry Rogozin, o antigo director da agência espacial russa.
Não é só a Rússia que tem problemas com a SpaceX. Em Maio deste ano, foi publicado um artigo na revista chinesa Modern Defence Technology, que diz que o país devia desenvolver novos métodos para destruir satélites que constituir um perigo para o país.