A Lua é corpo celestial mais próximo da Terra e continua a ser o único que alguma vez foi visitado por seres humanos, mas ainda se sabe muito pouco acerca dele. Em 2020, a missão chinesa Chang’e-5 enviou para a Terra as primeiras amostras de material lunar desde o fim do programa Apollo em 1976 e agora uma das esquipas que as estudou anunciou a descoberta de um novo mineral. O aspecto mais interessante acerca deste mineral é que pode ser essencial para viabilizar a produção de energia através da fusão nuclear no planeta Terra.
A missão Chang’e-5 chegou à Lua no dia 1 de Dezembro de 2020, dias depois de ter sido lançada a partir do centro espacial na ilha de Hainan na China. O rover conseguiu recolher 1,7 kg de regolito lunar nos dois dias seguintes. As amostras foram colocadas num veículo espacial, que as enviou para a Terra no dia 3 de Dezembro, tendo chegado ao nosso planeta no dia 16 do mesmo mês. Isto tornou a China o terceiro país, depois da União Soviética e os Estado Unidos da América, a conseguir recolher e enviar material lunar para a Terra.
Uma das equipas que estudaram este material, anunciaram que descobriram um novo material nessas amostras. Trata-se de um cristal transparente, mais fino que um cabelo humano, que se julga que se formou acerca de 1,2 mil milhões de anos, quando a zona explorada pelo rover ainda tinha actividade vulcânica. O novo mineral recebeu o nome de Changesite—(Y), em honra da deusa da Lua que dá nome ao rover.
A new mineral, Changesite-(Y), was discovered from the moon samples retrieved by #China‘s Chang’e-5 probe, making China the third country to discover a new mineral on moon, China Atomic Energy Authority said on Friday. pic.twitter.com/gieIWN8SMg
— People’s Daily, China (@PDChina) September 9, 2022
De acordo com os meios de comunicação oficiais da China, a Autoridade de Energia Atómica da China confirmou a presença de Hélio-3 dentro do cristal. Este isótopo do Hélio é muito raro na Terra, mas os cientistas pensam que pode estar presente em grandes quantidades na Lua. Quando comparado com outras formas do elemento, o Hélio-3 produz menos derivados radioactivos quando os átomos se fundem. Isto torna-o uma fonte de combustível ideal para produção de energia através de fusão nuclear. Apesar dos avanços recentes nesta tecnologia, ela ainda está longe de estar pronta. O acesso ao Hélio-3 pode acelerar todo o processo de desenvolvimento.
Tal como outras nações que têm programas espaciais desenvolvidos, a China já expressou interesse em minerar recursos na Lua. Esse interesse foca-se principalmente nos recursos que possam ser usados na própria Lua, para reduzir a quantidade de material que se tem de levar a partir da Terra. No entanto, se o Changesite—(Y) estiver presente na Lua em grandes quantidades, pode ser minerado como fonte de Hélio-3 e enviado para a Terra.