A história parece tirada de uma série de ficção científica: investigadores da Universidade de Aveiro (UA) vão criar um novo tipo de satélite que conseguirá captar energia solar e transferi-la para uma (futura) base lunar. A tecnologia pode ser uma realidade em 2050.
Neste projecto, que tem o apoio da Agência Espacial Europeia, participam investigadores de vários campos da UA: Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI), Departamento de Física, Instituto de Telecomunicações, Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro e CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro.
«O objectivo é energizar a futura estação habitável a ser construída na face da Lua», revela Nuno Borges de Carvalho, director do DETI. Para isso, os satélites têm painéis solares e baterias onde armazenam a energia. Os responsáveis por estas duas implementações são os investigadores Rute André e Rui Escadas, respectivamente.
Depois, quando estiverem «mais próximos da estação lunar», a energia será «irradiada para a base através de antenas e focalizada por lentes para reduzir as perdas por transbordamento», explica Nuno Borges Carvalho. Segundo o cientista, esta solução vai conseguir gerar electricidade «com maior eficiência que os simples painéis solares usados na Terra».
Isto acontece porque, além de um dia lunar corresponder a quinze dias terrestres, não existe atmosfera na Lua – na Terra, esta barreira «filtra uma enorme quantidade de comprimentos de onda, o que não permite receber a energia na plenitude». A isto junta-se o facto de os painéis estarem «sempre virados para o Sol e as antenas sempre viradas para a Lua, para descarregarem energia».
Segundo Nuno Borges de Carvalho, este conceito de satélites com painéis solares pode também, um dia, «enviar energia para a Terra».