O aumento da procura dos automóveis totalmente eléctricos não é uma novidade. Na realidade, a sua adopção no curto prazo só não é maior, porque já temos algumas marcas a confirmar que esgotaram a sua capacidade de produção de veículos eléctricos em 2022, devido à falta de matérias-primas (para as baterias). Mas, também, porque no momento da decisão alguns potenciais compradores ainda receiam a autonomia e velocidade de carregamento deste tipo de veículos.
Acima de tudo, podemos dizer que o sucesso da mobilidade eléctrica está largamente relacionado com a evolução da tecnologia das baterias. Neste campo, uma das mais promissoras são as baterias em estado sólido. Teoricamente, estas baterias são mais seguras, permitem uma capacidade de armazenamento e uma velocidade de carregamento maiores. Estas são vantagens muito relevantes e que levaram já vários fabricantes a uma corrida aos investimentos nesta área de investigação e desenvolvimento.
Neste momento, a maioria dos veículos híbridos e eléctricos utiliza baterias de iões de lítio, que, apesar de serem superiores às ultrapassadas baterias de chumbo ou níquel, ainda deixam muito a desejar face às nossas aspirações no que diz respeito à sua aplicação na locomoção eléctrica.
As baterias sólidas substituem o electrólito líquido (que transfere o lítio entro o cátodo e ânodo para produção de corrente) por um electrólito totalmente sólido e um ânodo de lítio metálico que assegura a corrente por dissolução metálica. Pela sua natureza, a densidade de armazenamento é muito maior e o processo de acumulação/consumo de energia é muito mais seguro e eficiente, o que significa também, por consequência, um processo mais rápido de carga.
Já existem algumas baterias sólidas no mercado, mas seguramente não na quantidade ou com a capacidade necessárias para serem utilizadas num automóvel. Do que foi até agora apresentado, temos com exemplo o protótipo de bateria sólida para as scooters Gogoro, em que foi possível superar em 140% a capacidade das baterias de iões de lítio no mesmo espaço. Mas esse e outros protótipos levantam algumas questões no que diz respeito ao seu funcionamento a baixas temperaturas, devido aos altos níveis de resistência entre os materiais (todos eles sólidos). Isto traduz-se na actual necessidade de montar o electrólito sólido sob grande pressão, o que significa também um potencial risco para a sua resistência ao impacto e à fadiga do metal.
Não faltam pretendentes à liderança no desenvolvimento deste tipo de baterias e, no papel, este aparenta ser o próximo grande passo que marcará a mobilidade – e por consequência todo o tipo de dispositivos móveis da próxima década.