Portugal parece estar na moda e não já não é apenas pelo Sol ou pela paisagem. É bom que seja “fashionable” para uma resma de temas. O problema parecem ser os portugueses que raramente coincidem com as modas. Ou seja, parecemos ter alguma dificuldade em perceber porque é que, de quando em quando, alguém nos decide eleger como ‘paraíso na Terra’ para uma dada actividade. Talvez com excepção das ondas da Nazaré, concedo.
Desta vez, brilhou outro Sol no horizonte dos nómadas digitais, aqueles que escolhem um país pelo singelo facto de nele não pagarem impostos. Portugal, é, e digo isto com alguma tristeza, um dos poucos países onde as transações de criptomoedas não deixam um cêntimo que possa ser acrescentado à economia nacional.
O recente e mediático anúncio da mudança para o nosso País de figuras relevantes da economia cripto, anunciando aos quatro ventos que a razão da mudança é esta espécie de paraíso fiscal, deveria constituir um vergonhoso exemplo. Nada me move contra nómadas digitais, sobretudo tendo Portugal alguns bons exemplos de atractividade de gente que vem trabalhar no tecido social do País, que se integra, que constitui núcleos familiares, que tantas e tantas vezes se rende à sua qualidade de vida e que acaba por nele criar raízes.
Mas esta “nata” parece servir-se das facilidades concedidas para apenas usar uma “barriga de aluguer”. É, como disse, vergonhoso. Tão rápidos que somos nuns casos a regular tudo e mais alguma coisa, para noutras sermos tão passivos. Atrair trabalhadores digitais está a dar frutos em várias regiões de Portugal, com múltiplos relatos de experiências de sucesso. Não é exactamente anunciando borlas fiscais de eventuais “bolhas” que esperava ver isto nos cabeçalhos das notícias. E espero bem que não levemos muito tempo a classificar fiscalmente esta actividade como o fazemos para trabalhadores de tantas outras profissões. Por uma simples razão de justiça.