A seca que tem atingido Portugal nos primeiros meses do ano fez com que o sector da agricultura entrasse em alerta, o que levou à entrada em acção de contingências para mitigar as dificuldades de rega – proibida, em alguns casos.
Para ajudar a «racionalizar o uso da água nas actividades agrícolas», o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) instalou um sistema IoT de sensores nas vinhas da região demarcada do Douro para recolher «informação periódica de temperatura e humidade atmosféricas».
Estes sensores estão «estrategicamente colocados por toda a região» do Douro e têm capacidades de georreferenciação para que os produtores saibam, em concreto, de que zona é que chegam os dados recolhidos – desta forma é possível regular a rega de forma específica, por locais. Para que isso seja possível, a informação será «integrada no Portal do Viticultor».
Apesar de, no início de 2022, o País ter registado níveis quase inexistentes de precipitação, o IVDP lembra que o Douro esteve “apenas” em «seca moderada». Contudo, e apesar de esta região «apresentar algumas características, em termos geomorfológicos e orografia, que podem ajudar a minorar os efeitos das alterações climáticas», os solos em socalcos ricos em xisto, onde estão as vinhas, «têm pouca capacidade de retenção de água».
Assim, este sistema IoT de sensores é, sobretudo, uma forma de o IVDP «antecipar a resposta a um problema que se pode colocar a médio prazo», até porque este é uma contrariedade cujo impacto não se torna visível apenas no imediato: «Secas severas representam um perigo para os ciclos vegetativos posteriores», lembra Gilberto Igrejas, presidente do IVDP.
Este projecto tecnológico vem na sequência da implementação de outro, nas mesmas vinhas, que “nasceu” no Hackathon Douro & Porto 2021: um método para «explorar as correlações entre os potenciais hídricos e diversos tipos de dados edafoclimáticos» e tornar possível uma estimação do «potencial hídrico em determinada exploração».
O objectivo destas iniciativas é, de acordo com Gilberto Igrejas, «colocar a ciência ao serviço da agricultura» para racionalizar procedimentos e «promover a sustentabilidade», passa assegurar o futuro da região, com base na «integração» dos projectos.