Blockchain é um conceito e uma tecnologia que temos ouvido cada vez mais nos últimos tempos, muitas vezes associado a criptomoedas e, recentemente, aos NFT. Mas, em Portugal, o Auchan adoptou este «protocolo de confiança» aos frescos.
Hoje em dia, frutas, vegetais e carne nacional da gama Produção Controlada estão na blockchain, para que todo o processo, desde a origem até aos expositores das lojas esteja documentado e assegurado – é impossível, assim, “mentir” sobre a proveniência e percurso de um cacho de tomates ou de um pacote de farinha.
Para já, ainda são relativamente poucos os produtos integrados na blockchain (que o Auchan implementou em parceria com a empresa nacional Te-Food), mas o objectivo para 2022 é ambicioso e passa por que «grande parte da fileira de produção controlada integre esta nova tecnologia».
José Cordeiro, responsável de produtos, fornecedores e fileira na Auchan Retail Portugal (direcção de qualidade), falou com a PCGuia sobre este projecto, que se baseia num QR Code que está nos produtos e que pode ser lido pelos clientes, para atestar a autenticidade dos produtos.
Como surgiu a ideia de ter os frescos em blockchain?
Na qualidade de militantes do Bom, São, Local procuramos sempre materializar esta militância junto dos nossos clientes com acções concretas. O blockchain é uma tecnologia que permite aos clientes acompanharem, de forma completamente transparente, todo percurso de vida de um produto desde a sua colheita até à loja, e a Auchan foi pioneira no setor da grande distribuição, a nível nacional, a introduzir esta tecnologia nos produtos alimentares.
Começámos por fazer um teste piloto com as alfaces Auchan de Produção Controlada, com um dos nossos produtores mais antigos. Actualmente, além da alface, temos também melão e a melancia com esta tecnologia, mas o objetivo é implementar o blockchain em toda a fileira Auchan Produção Controlada, que conta já com centenas de referências de produtos de marca própria – 91% provenientes de fornecedores portugueses.
A Produção Controlada Auchan assenta numa política de responsabilidade social que apoia a comunidade e os pequenos produtores, e estas parcerias com produtores locais e nacionais têm permitido à marca oferecer produtos de qualidade, saudáveis, com boa rastreabilidade e que respeitam o ambiente, o bem-estar animal e a biodiversidade.
A par disto, a tecnologia blockchain permite dar resposta a todas as preocupações dos consumidores relacionadas com as questões da segurança alimentar, da rastreabilidade e da transparência.
Qual é o terceiro tecnológico deste projecto e qual foi o investimento feito pelo Auchan?
O parceiro tecnológico é a Te-Food e trata-se de um investimento do grupo Auchan, ao nível do corporate e para todos os países.
Em concreto, que informações dos produtos estão asseguradas por esta tecnologia?
O processo começa com a recolha de informação disponível, tendo em conta as possibilidades do produtor. Pode ser realizado com informação de base, incluindo fotos e vídeos, que se focam nos locais de produção e nas características do produto, e pode evoluir para informação dinâmica, se a variabilidade dos produtos e locais de produção forem numerosos, possibilitando a identificação de cada local onde é produzido um lote ou conjunto de lotes.
Desta forma, o consumidor vai conseguir aceder a todo o percurso de vida de um artigo, desde a origem a até ao prato, o que representa um benefício em matéria de transparência e segurança alimentar. Através da tecnologia blockchain, o consumidor consegue conhecer o produtor; a sua localização; o percurso percorrido pelo produto desde que foi colhido e todos os processos logísticos pelos quais passou até chegar às suas mãos.
Como é que o cliente pode consultar essas informações?
Todos os produtos têm um código QR colocado na etiqueta que, ao ser lido por um smartphone, permite ao consumidor conhecer, de forma rápida e intuitiva, todas as etapas de vida do alimento, desde o seu processo de produção, manipulação, transformação, embalagem e expedição.
O que é que a tecnologia blockchain garante como vantagem em relação ao que se passava anteriormente, ou seja, qual a principal mais-valia?
A tecnologia blockchain, também conhecida como ‘protocolo de confiança’ por permitir registar dados em rede de uma forma segura, tem a vantagem de mobilizar todos os atores da cadeia de valor numa mesma plataforma.
Além disso, aporta grande valor em matéria de segurança alimentar, já que, no final da cadeia, o consumidor passa a poder aceder, de uma forma completamente transparente, a todo o percurso do alimento que se prepara para consumir.
Que próximos produtos podem entrar também neste projecto?
Depois da alface, melão e melancia, a tecnologia blockchain está hoje em produtos como o porco preto, pinhão, tomate e até na farinha de Produção Controlada, feita com cereais das nossas planícies alentejanas. O objectivo é que, no final de 2022, grande parte da fileira de produção controlada integre esta nova tecnologia.