Quando a ZV-1 foi lançada no ano passado, fiquei convencido que a Sony tinha descoberto um novo segmento de mercado com bastante potencial de crescimento, ao criar uma solução quase perfeita para quem se queira iniciar no mundo da criação de conteúdos. É certo que existiam limitações, mas a ZV-1 provou ser tão ou mais versátil do que a popular gama RX100, aquela que era, até então, a nossa referência de mercado no segmento das câmaras compactas.
Com a chegada da nova ZV-E10, a Sony demonstra que este mercado tem efectivamente potencial para crescer, e oferece tudo aquilo que a ZV-1 oferecia, mas com funcionalidades mais avançadas, com particular destaque para o sensor maior, que permite captar maior detalhe e com melhor qualidade, mesmo quando as condições luminosas não o permitem, e a possibilidade de ultrapassar a limitação da distância focal mínima da ZV-1, ao permitir a utilização de qualquer objectiva de encaixe FE existente no mercado.
Formula da ZV-1
Tal como no modelo compacto, a nova ZV-E10 baseia-se em modelos já existentes, nomeadamente na Alpha A6100 e A6400, razão pelo qual chega mesmo a partilhar elementos como o poderoso sensor APS-C de 24 MP, e o processador de imagem.
Este conjunto garante a possibilidade de captar imagens de elevada qualidade, bem como vídeo até 4K, adicionando funcionalidades extras, como a possibilidade de usar diferentes velocidades de captação (4K a 30, 25 e 24 fps, e 1080p a 120, 100, 60, 50, 25 e 24 fps), codec XAVC de 100 Mbps de bitrate, e os avançados perfis de imagem Hybrid Log Gamma para conteúdos HDR, e S-Log3 para uma melhor edição das cores do vídeo captado, embora limitado a 8-bit.
O corpo sofreu igualmente alterações, ao dispensar a roda de selecção de modo, mas passa a incluir um selector de zoom junto do botão de obturação (perfeito para a objectiva de kit 16-50 robotizada), um botão específico para ligar e desligar a câmara, um botão para ajustar o modo de utilização (fotografia, vídeo e câmara lenta S&Q), bem como um botão grande para iniciar a gravação de vídeo e um botão específico para desfocar automaticamente o fundo, uma funcionalidade também ela introduzida na ZV-1.
Conta ainda, no painel superior, com um painel que aloja três microfones direcionais de cápsulas, que podem ser protegidos com o filtro corta-vento fornecido (estilo “dead cat”), sendo disponibilizado no painel lateral uma entrada para microfone externo, uma saída HDMI (ideal para ligar a um gravador externo), uma saída para auscultadores (que não está presente na ZV-1) e uma ligação USB-C, ideal para carregar a bateria em viagem, embora esta ligação não suporte carregamento rápido.
Falta referir a presença de um ecrã táctil que, à semelhança da ZV-1, desloca-se para o lado, em vez de ir para cima, como nas restantes câmaras da Sony, facilitando a sua visualização durante a gravação de vídeo. Este, embora seja táctil, está “refém” dos menus tradicionais da Sony, que ao contrário dos incluídos na A7S III, não permitem explorar as capacidades tácteis do ecrã.
Capacidades de gravação
Conforme já foi dito, o sensor APS-C desta ZV-E10 é o mesmo das Alpha 6100 e 6400, sendo este capaz de captar vídeo 4K até 30 fps de boa qualidade. Peca, porém, pela inexistência de um sistema de estabilização de imagem no corpo, tornando assim recomendável a utilização de objectivas com estabilização de imagem.
Existem, porém, um sistema de estabilização de imagem eletrónico, que embora seja bastante eficaz, realiza um recorte na imagem (crop) de 1.44x. Existe igualmente outra limitação encontrada neste sensor, a existência do efeito de “rolling shutter”, sendo este mais notório quando estiver a captar objectos rápidos, usando toda a superfície do sensor, algo que acontece a 4K a 24 fps. A 4K 30 fps o efeito é significativamente reduzido, e a 1080p é impercetível.
A qualidade do som é excelente, com o ruído do vento devidamente filtrado pelo já referido filtro disponibilizado, tal como a eficácia do sistema de focagem automática, uma vez que mistura a tecnologia de detecção por fases e de contraste em toda a superfície do sensor. Destaque para a excelente funcionalidade, também ela lançada originalmente para a ZV-1, que é o “Product Showcase”, que usa o sistema de detecção de faces para manter a sua cara focada em todas as situações, excepto quando colocar um objecto entre si e a câmara, altura em que o algoritmo da câmara assume que pretende dar destaque a esse mesmo objecto. Esta solução funciona de forma exemplar.
Por fim deixámos a bateria, uma Sony NP-FW50 de 1020 mAh, que garante, segundo a Sony, até 440 disparos, ou 125 minutos de gravação contínua de vídeo. Estranhamente esta bateria tem menor capacidade que a bateria da ZV-1 (que era de 1240 mAh), mas garante o dobro da autonomia, o que é excelente. Ainda assim, tal como recomendámos no caso da ZV-1, também recomendamos a aquisição de uma bateria adicional para a ZV-E10, até porque a velocidade de carregamento da mesma é bastante lenta.
Distribuidor: Sony
Site: sony.pt
Preço: €750 (corpo)
Ficha Técnica
Sensor: 24,2 MP (CMOS Exmor APS-C)
Processador de Imagem: BIONZ X
Ecrã: 3,0 polegadas táctil basculante
Gravação de Vídeo: 4K até 30 fps, 1080p até 120 fps
Encaixe de objectiva: FE
Dimensões: 115 x 64 x 45 mm
Peso: 343 gr (c/bateria)