A exploração intensiva dos recursos naturais a um ritmo acelerado é um subproduto directo do nosso actual estilo de vida. Queremos mais, melhor, mais rápido e mais barato. A competitividade, especialmente na área das tecnologias, catalisa ciclos de vida de produto cada vez mais curtos.
A sustentabilidade ambiental que ouvimos falar num grande número de campanhas publicitárias, na esmagadora maioria das vezes, não é real. Infelizmente, não podemos afirmar que, comer um bife, conduzir um carro ou viajar de avião sejam actividades carbono neutro só porque as empresas que nos fornecem esses produtos adquirem créditos de carbono. Citando uma dessas comunicações publicitárias: «Créditos gerados a partir de projectos globais que financiam a utilização de energias renováveis e baixo carbono». Pode soar bem aos nossos ouvidos, mas simplesmente não é um crédito real.
O equilíbrio ecológico não é um banco para aceitar empréstimos para os nossos muitos deslizes ambientais. E mesmo que o fosse, já pedimos tanto “emprestado” nas últimas décadas que, economicamente falando, estamos totalmente falidos. Essa falência é já clara nos vários ecossistemas que nos rodeiam.
Como agravante, este nosso constante endividamento ambiental só é possível de manter através de uma outra infeliz desigualdade: o nível de consumo entre os países mais e menos desenvolvidos. Ou seja, aqueles vivem de uma forma mais sustentável fazem-no, não por opção, mas sim por falta de recursos para poder poluir mais.
Para contrariar este ciclo não basta compensar a poluição que continuamos a fazer, com projectos ambientais de eficiência questionável. Temos de amortizar esta enorme dívida que temos para com o planeta e o mais rápido possível. Esses “pagamentos” têm de ser feitos nos hábitos alimentares, de locomoção e consumo. Consumir menos carne, viajar de transportes públicos e atualizar os nossos equipamentos tecnológicos quando estritamente necessário reaproveitando os antigos sempre que possível.
Numa primeira análise, para muitos, estas mudanças significam uma afronta aos seus deleites e confortos, mas, na maioria dos casos, estas mudanças revelam-se benéficas também para a saúde e qualidade de vida dos “contribuintes”. Até porque não existe alternativa de vida com este nível de consumo de recursos.