A MyPolis tem como intuito tornar a participação dos cidadãos e cidadãs «mais fácil, intuitiva e divertida, contrastando com o modelo de participação tradicional, mais formal e menos aberto», revela Bernardo Gonçalves, CEO e co-fundador da startup. Para isso, a empresa criou um sistema em que qualquer pessoa pode sugerir uma ideia e apresentá-la aos responsáveis do poder local e, quem sabe, torná-la uma realidade.
O empreendedor explica como funciona a plataforma da MyPolis: «Os utilizadores submetem as suas propostas online e a comunidade começa a votar e comentar as propostas. Posteriormente, os proponentes são desafiados a apresentar pessoalmente as suas propostas a decisores políticos locais, tais como o presidente de câmara ou da junta de freguesia, em assembleias digitais».
É neste momento que «os decisores dão feedback aos participantes» e que se «definem os próximos passos para a concretização das iniciativas, muitas vezes recorrendo a um modelo de colaboração». Além disso, ao longo de todo o processo, quem participa na plataforma «ganha pontos de cidadania, que podem ser trocados por prémios».
A ideia nasceu quando Bernardo Gonçalves, Virgínia Gonçalves, Pedro Cerejo, David Seco, Tomás Gonçalves (os dois últimos que colaboraram apenas numa fase inicial) chegaram à conclusão de que os jovens «precisavam de uma forma de participar que fosse mais simples, intuitiva e que também permitisse aos decisores auscultar a comunidade».
Utilizações diversas e em evolução
A primeira versão da plataforma MyPolis foi lançada em 2018. Desde aí, está a ser usada em dez concelhos portugueses e pela ONGD Aid Global, em Santarém, mas a startup tem recebido «vários novos pedidos» e em breve «vai alargar a mais comunidades», diz Bernardo Gonçalves. O CEO diz que estão a ser dadas muitas utilizações à tecnologia: «Está a ser usada de forma diferente em diferentes territórios, o que também é interessante para nós – permite que avaliemos diferentes casos de uso e que percebamos quais são as dinâmicas de utilização mais escaláveis e eficazes em termos de impacto. Por exemplo, em Massamá e Monte Abraão está a ser utilizada para o Orçamento Participativo Jovem da União das Freguesias, enquanto em Oeiras, Torres Vedras, Lousã e Vila Nova de Poiares, é usada sobretudo nas escolas, como uma forma de dar uma dimensão participativa à disciplina de Cidadania e Desenvolvimento».
O co-fundador salienta que a MyPolis está em constante evolução: «A nossa abordagem é de constante optimização e interacção com utilizadores/as e clientes, com loops de feedback rápido e introdução de melhorias».
É por isso que no site, a startup diz que está à procura de mais entidades para testar a plataforma e ligar, assim, «mais jovens a decisores políticos». Para já, a MyPolis está a «trabalhar em novas features que vão dar ainda mais valor aos utilizadores».
O futuro da cidadania
A MyPolis não quer ficar por Portugal e já teve «algumas abordagens iniciais do Brasil e de Espanha». A ideia é começar a «realizar pilotos nesses e possivelmente noutros mercados»; segundo Bernardo Gonçalves. A médio e longo-prazo também há planos: «A nossa ambição é construir a melhor ferramenta do mundo para jovens participarem na vida das suas cidades. A participação cívica dos jovens é um desafio para o qual ainda falta uma solução simultaneamente muito eficaz e escalável, que possa ser utilizada em todo o mundo. Queremos ocupar esse espaço».