Após vários artigos com sugestões de como transformar um Raspberry Pi num NAS, este ajudará a instalar o Syncthing, uma solução open source de sincronização de dados entre vários dispositivos.
Porquê o Syncthing?
Talvez se questione: porquê instalar mais um container no Raspberry Pi? Porque se a ideia é ter um NAS que guarde toda a informação de forma segura, com total controlo, o Syncthing vai permitir isso mesmo: sincronizar informação dos vários dispositivos que tem em casa, directamente a partir do NAS, de forma encriptada, em especial os dispositivos móveis.
Se não tomarmos as medidas necessárias para backup, corremos o risco de perder toda a informação em caso de avaria, perda ou roubo. Por isso, o foco principal do Syncthing é fazer o backup de smartphones ou tablets
Com esta ideia em mente, vamos instalá-lo primeiro no Raspberry Pi e recorrer ao Portainer, com explicámos na edição anterior.
Instalação:
1 – Entrar no Portainer, seleccionar ‘Stack’ e carregar no botão azul ‘Add stack’;
2 – Escolher um nome: no nosso caso definimos ‘syncthing’;
3 – Copie a “receita” seguinte e carregue em ‘Deploy the stack’.
___________
version: “2.1”
services:
syncthing:
image: ghcr.io/linuxserver/syncthing
container_name: syncthing
environment:
– PUID=1000
– PGID=100
– TZ=Europe/Lisbon
volumes:
– /caminho_do_volume_do_disco_externo_do_nas/syncthing/config:/config
– /caminho_do_volume_do_disco_externo_do_nas/syncthing/data1:/data1
– /caminho_do_volume_do_disco_externo_do_nas/syncthing/data2:/data2
ports:
– 8384:8384
– 22000:22000
– 21027:21027/udp
restart: unless-stopped
Como reparou, o Syncthing vai correr no disco externo e guardar directamente a informação. As únicas alterações que terá de fazer estão indicadas a vermelho. Normalmente, o utilizador Pi, tem o PUID a 1000 e o PGID a 100, no entanto, confirme no terminal com o comando id. Para ver o caminho do volume do disco externo, escreva no terminal o comando lsblk e copie o que começa com /srv/dev-disk-by. Agora, consegue aceder à interface Web através do IP do Raspberry Pi, juntamente com a porta 8384 (exemplo: 192.168.1.200:8384).
Configuração-base
1 – Ao abrir pela primeira vez o Syncthing, aparecem duas mensagens importantes que deve levar em conta: uma sobre o envio de relatórios anónimos de utilização e a outra para criar um utilizador/password de administração para o acesso. Para fazer as respetivas mudanças, terá de aceder às ‘Configurações’ e seleccionar o separador ‘Interface gráfica’. Depois de criar o utilizador e a senha, insira o IP do Raspberry Pi e a porta (como mostra a imagem) e active a opção ‘Utilizar HTTPS na interface gráfica’.
2 – No separador ‘Geral’, mude o nome, porque visualmente ajuda a definir em que dispositivo se encontra.
Sincronização dos dispositivos
Iremos mostrar agora como sincronizar um smartphone. O mesmo padrão será aplicado em qualquer outro equipamento que tenha.
1 – Instale a aplicação no smartphone através da loja Play Store ou App Store.
2 – No Syncthing do Raspberry Pi, no canto superior direito da janela, carregue em ‘Acções’ e ‘Mostrar ID’.
3 – Agora, no dispositivo móvel, abra a aplicação, seleccione o separador ‘Dispositivos’ e carregue em ‘+’. Na primeira opção ‘ID do dispositivo’, carregue e faça o scan ao ID do Syncthing no Raspberry Pi. Isto vai permitir que os dois dispositivos se conheçam na rede.
4 – Alguns segundos depois, aparece uma mensagem no Syncthing do Raspberry Pi: um novo dispositivo quer ligar-se. Carregue em ‘Adicionar dispositivo’. O equipamento que adicionar ficará visível no painel principal, no separador ‘Dispositivos remotos’.
5 – Volte ao Syncthing do Raspberry Pi e crie uma pasta partilhada, para onde será carregada toda a informação do smartphone. Carregue em ‘Adicionar pasta’ e, na nova janela, altere o nome no campo: ID da pasta e caminho da pasta.
6 – Antes de gravar, no separador ‘Partilha’, escolha qual o dispositivo e agora sim, clique em ‘Gravar’.
7 – Agora, no smartphone, escolha ‘Pastas’ e carregue em ‘+’. Na nova janela, carregue em ‘Pasta’ e seleccione que dados quer sincronizar. Depois disto, na opção ‘Tipo de Pasta’, escolha ‘Enviar Apenas’ e grave.
Se tudo ficou bem configurado, vai verificar que os dados começam a ser sincronizados. Se, por alguma razão, isso não acontecer, reinicie a aplicação Syncthing no smartphone.
Conclusão:
Este guia durou várias edições e teve como objectivo mostrar que existem soluções para conseguir ter maior controlo sobre os dados. Como ficou evidente, é preciso, acima de tudo, vontade e esforço para fazer algo diferente, porque com tudo cada vez mais “oferecido” é muito tentador seguir por caminhos mais fáceis e recorrer a soluções ‘chave-na-mão’. Usar um Raspberry Pi com um disco externo, instalar o OpenMediaVault como solução NAS e associar serviços docker como complemento não só é uma boa solução, como o caminho feito até lá chegar é sempre muito enriquecedor.