A introdução do processador M1 na linha de computadores Apple recentemente iniciada começa lentamente a ser explorada nas suas componentes técnicas. Longe de mim massacrar o leitor com uma torrente de factos industriais, mas merece ser referido que alguns detalhes vão emergindo.
Em média, a Apple leva cerca de seis anos a preparar uma introdução deste género; neste processador específico foram dez, o que mostra bem a tarefa hercúlea (e o investimento) que um fabricante tem pela frente numa operação assim. Enquanto o mercado vai ditando as suas opiniões sobre performance dos equipamentos dotados com o novo processador (opiniões que podem ser sinónimo de ‘glória’ ou ‘fracasso’), alguma engenharia reversa vai sendo feita por utilizadores independentes, que mostram que estamos longe do tradicional “mais do mesmo”.
Há relatos já muito bem fundamentados da arquitectura deste processador, nomeadamente de um co-processador não documentado e do qual a Apple não falou durante o show-off do lançamento comercial. Os engenheiros que se têm dedicado a estudar as entranhas do M1, chamam-lhe Apple Matrix (AMX para os amigos). Descrevem um co-processador especializado em analisar código tratado pelo processador e, perante certas condições ou instruções detectadas no fluxo digital que lhe é fornecido pelo sistema, tomam a cargo determinadas tarefas especializadas. Poderá o leitor pensar: «Mas isso já a indústria tem actualmente com aceleradores…».
Não estamos a falar do mesmo. Co-processar é, do ponto de vista computacional, bastante diferente da aceleração simples, em que uma peça de hardware dedicada a determinada tarefa (como por exemplo, numa GPU).
Há anos que vemos a indústria usar unidades especializadas em processamento de gráficos, mas a tendência é ir mais além, como por exemplo usá-las em Machine Learning. É aqui que os tais especialistas encontram diferenças vitais em relação ao que a indústria tem feito até agora. Sendo a Apple detentora do controle vertical da produção de hardware, sistema e ferramentas de código, não torna obrigatória a execução de código específico para os tais aceleradores, deixando ao conjunto do processador e AMX a tarefa de “aprender” que operações precisam de ser tratadas pelo tal Apple Matrix. E se os relatos que me vão chegando de utilizadores maravilhados com a performance do novo hardware a “mastigar” tarefas gigantes se vão lentamente confirmando, foram uns dez anos que valeram a pena.