Os robôs aspiradores evoluíram muito desde o seu lançamento, na primeira década do Séc. XXI. Não em termos da forma, nem mesmo em termos do hardware base que lá está dentro, afinal os aspiradores já existem desde finais do Séc. XIX. O que mudou bastante foi o software, com a integração de funcionalidades de inteligência artificial, que lhes permitem aspirarem casas de todos os tamanhos e feitios com mais eficácia e, ao mesmo tempo, evitarem os vários obstáculos que podem surgir à sua frente.
A iRobot foi a empresa pioneira no mercado dos aspiradores robôs, tendo lançado o primeiro o modelo em 2002. Em 2019, a empresa americana lançou a nona geração de robôs, a S que marca uma evolução na gama ao nível do design e ao nível do poder de processamento.
O design
Ao contrário dos outros modelos da Roomba, o S9 não é totalmente redondo, tem mais a forma de um ‘D’. A parte de trás é redonda, e a zona onde está o sensor de obstáculos (podemos considerar a frente do robô) é direita. Isto permite ao robô conseguir aspirar melhor os cantos porque a escova giratória está mais bem posicionada para puxar o pó dos cantos para a boca do aspirador.
Os roletes de borracha que servem para apanhar a sujidade e encaminhá-la para a boca do aspirador são maiores e em vez de estarem posicionados no centro do robô estão mais à frente. O depósito também mudou de sítio no S9.
Em vez de estar encaixado na parte de trás, está no centro, por baixo de uma tampa com um acabamento metálico acobreado.
O S9 tem filtros de pó que, segundo a iRobot, conseguem reter 99% das partículas que podem causar alergias, como pólenes e fungos.
O motor de aspiração também é mais potente que o dos outros modelos da gama da iRobot, segundo a empresa é 40 vezes mais poderoso e tem vários modos de funcionamento que trabalham em conjunto com um sensor que verifica o nível de sujidade por baixo do robô e acelera ou reduz a velocidade de rotação do motor.
Na versão S9+, a iRobot inclui uma doca que tem dois propósitos: carregar a bateria do robô e despejar o depósito interno. Esta é uma das funcionalidades mais úteis, porque permite ao robô interromper a limpeza quando detecta que o depósito interno está cheio, despejá-lo e prosseguir a limpeza, tudo sem qualquer intervenção do utilizador.
O carregamento da bateria de iões de lítio também é automático, mas aqui há uma dificuldade: se a casa a limpar for grande, o robô terá de carregar a bateria pelo menos uma vez, até conseguir limpar tudo. A dificuldade é que o carregamento é lento.
Para tentar minimizá-la, a iRobot incluiu uma funcionalidade em que o robô detecta a quantidade de energia necessária para terminar o trabalho e dirige-se sozinho à doca para carregar apenas o tempo necessário para o terminar. Um pouco como acontece com os carros eléctricos, que sugerem um desvio para carregar a bateria o suficiente para chegar ao destino.
O esvaziamento do depósito interno é feito através de um aspirador que está na doca, que aspira o pó para um saco através de um orifício na base do S9. Os sacos são em papel, semelhantes aos dos aspiradores normais, e dão para cerca de 20 ciclos.
Mapas e app
Desde há anos que os robôs Roomba podem ser ligados à Internet via Wifi, o que permite que possam ser ligados e desligados através de uma aplicação para smartphone onde quer que o utilizador esteja. Para além disto, a aplicação permite a criação de horários de aspiração e delinear zonas na casa que servem para ordenar o robô a limpar apenas uma divisão ou divisões quando é necessário.
A versão mais recente da aplicação permite-lhe ainda criar rotinas que podem obedecer a horários ou alturas do ano. Por exemplo, se tiver animais em casa, o robô pode começar a limpar mais vezes no Verão e Primavera, a altura em que largam mais pêlo.
Tudo isto depende de um mapa que é criado automaticamente sempre que o aspirador consegue chegar a uma zona da casa que não conheça. O mapa pode ser construído durante um ciclo de limpeza, ou através de uma função de mapeamento dedicada. Ao usar esta última, o robô não está a limpar, simplesmente explora a casa para construir o mapa, logo é mais rápida.
O mapa é elaborado através de um conjunto de sensores que inclui uma câmara que tira fotos para identificar o sítio onde o robô está, um sensor de declives e um sensor 3D que detecta o que está à frente do robô 25 vezes por segundo para evitar que fique preso. Tudo isto gera mais de 230000 pontos de dados.
Depois de o mapa estar pronto, o utilizador pode delinear áreas onde o robô não pode ir (que funcionam como paredes virtuais), dar nome às divisões da casa ou mesmo criar várias zonas nas divisões maiores. Este processo é um pouco difícil, principalmente se estiver a usar a app num smartphone com ecrã pequeno.
A app também lhe dá relatórios de limpeza, que incluem a quantidade de limpezas, área que foi coberta e se ocorreu algum erro durante a limpeza.
Por fim, a app também notifica o utilizador se é necessário despejar o depósito da doca ou se é necessário substituir alguma das peças consumíveis como a escova ou os roletes de borracha.
Dia-a-dia
Já usei vários modelos de aspiradores da iRobot e posso dizer que este foi o melhor de todos, mas há ainda alguns aspectos a melhorar.
O facto de os roletes de borracha estarem colocados mais à frente, e serem maiores, aumenta consideravelmente a eficácia da limpeza, mas, por outro lado, dificulta a subida de alguns tapetes, principalmente se forem leves e estiverem um pouco levantados.
O S9 é muito mais hábil a evitar obstáculos que todos os outros modelos que já testei, tendo mesmo conseguido evitar alguns cabos espalhados no chão que teriam atascado os outros modelos.
O maior poder de aspiração é talvez uma das novidades mais bem-vindas no S9. Em modelos anteriores, era necessário fazer duas aspirações consecutivas para que alguns tapetes ficassem bem limpos, com o S9 a necessidade de recorrer a mais do que uma passagem é rara. A passagem de velocidades de aspiração nota-se no ruído que o aspirador faz. O S9 é um pouco mais barulhento que os outros. Mas, se a casa não estiver muito suja, pode ligar o modo silencioso que, essencialmente, faz com que o S9 funcione como um dos modelos anteriores. Aspira menos, mas também não faz tanto barulho.
No que toca aos mapas, o processo de construção é um pouco mais lento que noutros modelos mas é bastante mais preciso.
Uma funcionalidade interessante que os Roomba incluem, é a possibilidade de se ligarem com assistentes por voz, como o Alexa ou Google Assistant. Através desta funcionalidade é possível controlar o robô com comandos de voz, o que adiciona um novo grau de comodidade à utilização. Posso dizer que faz parecer que estamos na ponte da Enterprise a dar ordens ao computador de bordo. É muito engraçado.
Tive algumas dificuldades com o software, por exemplo: a meio de uma actualização do firmware o robô, por qualquer razão, perdeu o acesso à rede Wifi e ele ficou bloqueado durante o processo. Tive de o desmontar para remover e voltar a instalar a bateria para que ele conseguisse voltar a fazer tudo de novo.
E, em duas ou três ocasiões o S9 não conseguiu voltar à base e deu um erro que indicava que estava preso numa zona completamente limpa de obstáculos.
Estes erros prendem-se com um problema com a versão mais recente do firmware e a iRobot já indicou que em breve vai lançar uma nova versão para o resolver.
Contacto: irobot.pt
Preço: €1199 (sem a doca Clean Base)