‘Desafiar as leis da ciência’ pode parecer uma expressão exagerada, e até poderá ser neste caso, mas a verdade é que esta recente descoberta, comunicada pela Agência Espacial Europeia (ESA), está a deixar os astrónomos, no mínimo, intrigados.
A novidade foi dada a conhecer pela missão Cheops, cujo objectivo é encontrar exoplanetas (planetas que orbitam uma estrela que não o Sol), que identificou um novo sistema solar a cerca de duzentos anos-luz da constelação de Escultor: TOI-178.
Aqui, os astrónomos da ESA concluíram, de forma preliminiar que seis planetas seguem uma «dança rítmica» (a confirmarem-se os seus modelos de órbita), um comportamento designado ‘ressonância orbital’. Este fenómeno é caracterizado pela existência de «padrões que se repetem conforme os planetas giram em torno da estrela, com alguns a alinharem-se a cada poucas órbitas».
Densidades não seguem padrão natural
Contudo, se este comportamento acaba por ser normal no Universo (há uma «ressonância semelhante nas órbitas de três das luas de Júpiter: Io, Europa e Ganimedes», lembra a ESA), há um dado apurado pelos astrónomos que «desafia as teorias actuais de formação de planetas», diz a agência.
O que está a deixar os cientistas intrigados é o facto de os planetas terem densidades que «não seguem um padrão particular». Ora, segundo o que era conhecido até agora, o modelo era sempre o mesmo, em sistemas solares com ressonância orbital: «As densidades dos planetas diminuem gradualmente à medida que nos afastamos da estrela».
Terra e “mini-Júpiter lado a lado
No TOI-178 não é isso que acontece. Dois exoplanetas com tamanhos semelhantes estão lado a lado, mas as suas densidades são completamente diferentes – um é parecido com a Terra e outro é «muito leve», como um «mini-Júpiter», conclui a ESA.
«Não era isso que esperávamos e é a primeira vez que observamos tal configuração num sistema planetário», explica Adrien Leleu, líder da equipa que fez a descoberta depois de doze dias de observações com o satélite Cheops.
Agora, um dos próximos passos é tentar perceber se há algum planeta no TOI-178 que possa ter vida, uma vez que os cinco para já identificados estão fora da chamada ‘zona habitável’.