O mês passado foi marcado pelo lançamento da nova geração de consolas de jogos; com ele, veio novamente o presságio de que esta será a derradeira geração de consolas num mundo completamente digital.
Apoiados nos factos de a maioria dos jogos serem disponibilizados em formato de download, de a arquitectura de hardware ser cada vez mais similar entre as consolas e o PC, e da chegada em força das plataformas de streaming de jogo multi-plataforma, podemos acreditar que sim.
A própria Microsoft aposta num plano de jogos por subscrição agnóstico à plataforma de jogo e, com isso, sacrifica a exclusividade dos jogos para as suas mais recentes consolas. Mesmo assim, tanto a Microsoft como a Sony não tiveram, certamente, dificuldades em vender todo o seu stock de consolas até ao Natal, assim como a Nintendo não teve no ano passado. Os jogadores têm uma constante “sede” de novas e melhores experiências e, até ao momento, nada substitui a experiência física da compra de um novo hardware de jogos.
Se pensarmos que, mesmo estando completamente ultrapassadas, as drives Blu-ray mantiveram a sua presença nesta nova geração de consolas, percebemos que não se trata de resolver o problema original de transportar grandes quantidades de informação, mas sim a necessidade de uma “prova física” que legitimiza a aquisição de um jogo de mais oitenta euros, além do incentivo ao efeito de coleccionismo dos mais aficionados.
Outra prova da necessidade de um elemento físico, para catalisar a compra no mercado dos videojogos, foi o sucesso das consolas retro, relançadas em formato ‘mini’ há poucos anos. Seguramente, os jogadores não as adquiriram pelo seu desempenho, pois esse, está ao alcance de qualquer smartphone de entrada de gama: foi a vontade de saciar o saudosismo dos jogos de infância, com uma experiência maioritariamente física.
Ao longo dos próximos anos surgirão novos players neste mercado e, talvez, desapareçam alguns dos actuais. Mas parece-me que as notícias sobre a morte das consolas são manifestamente exageradas.