Um recente estudo mostrou que houve um aumento de 38%, em todo o mundo, na procura de expressões como ‘email privado’ e ‘e-mail encriptado’ no motor de busca da Google, entre Maio de 2019 e Abril de 2020. Este aumento de interesse, demonstra um problema real, que começa a ser uma prioridade: a segurança e protecção dos nossos dados digitais. Essa segurança começa no e-mail.
O facilitismo manipulador
A escolha da maioria, num mundo cada vez mais ocupado, acaba por ser no serviço mais popular ou que oferece uma maior facilidade de uso. O Gmail é inevitavelmente aquele que tem conseguido atingir esse objectivo, abrindo portas, não só para um serviço de e-mail, como para uma quantidade de serviços que nos facilitam a vida. Basta olharmos para o sistema Android, bem presente na maioria dos dispositivos usados mundialmente, com as ferramentas da Google pré-instaladas; de forma quase instintiva, leva-nos a criar um Gmail, com todo o conforto. Este facilitismo manipulador abre também portas para o acesso aos nossos dados, direccionando anúncios e criando perfis específicos. O Gmail falha em proteger os dados dos utilizadores, porque o seu foco principal é a recolha deles, para obter receita.
Uma recente investigação sobre práticas anti-competitivas, juntou os CEO de empresas como a Google, Apple, Facebook e Amazon, onde o subcomité do Congresso dos EUA apresentou vários exemplos de empresas que usam o seu poder para espiar, esmagar, coagir ou adquirir concorrentes. Respondendo a uma pergunta do deputado Val Demings, o CEO do Google, Sundar Pichai, disse: «Hoje, tornamos muito mais fácil para os utilizadores controlar os seus dados». Esta afirmação faz parte de um impulso de relações públicas que a Google iniciou no ano passado, durante o qual implementou novas configurações e recursos de privacidade, como a capacidade de desligar anúncios personalizados. Mas a empresa continua a recolher montanhas de dados, com a premissa de criação de ferramentas, dadas ao utilizador, para controlar os seus dados, lavando assim as mãos, como Pilatos. Diferente deste modelo de negócio, o Protonmail, destingue-se pelos seus ideias de privacidade e segurança dos dados.
Um e-mail seguro
O desígnio da empresa nunca foi esquecido pelo CEO Andy Yen e sua equipa, que mantêm a mesma visão inicial do seu modelo de negócios: proteger a privacidade na Internet, a começar pelo email.
Embora a maioria dos serviço de email encriptem mensagens em trânsito, a maioria também tem a capacidade de aceder ao conteúdo dessas mensagens armazenadas. O modelo usado pelo Protonmail, que é encriptação ponto a ponto, significa que a mensagem é encriptada na origem e chega encriptada ao destino, tornando difícil o seu rastreio e impede que qualquer pessoa, além do remetente e do destinatário, tenha acesso à mensagem. Todos os dados são encriptados e com “zero acesso”, ou seja, nem mesmo o Protonmail consegue ver a informação nos seus servidores. Foram utilizados algoritmos de segurança como: AES, RSA e OpenPGP, bem como o código usado ser Open Source e disponível para quem quiser. Os emails eliminados, são mesmo apagados permanentemente e as comunicações dos servidores, até ao computadores em casa, utiliza SSL (Secure Socket Layer).
Mais que um email
O modelo de negócio do Protonmail é com base em assinaturas, onde podem tirar maior partido de algumas ferramentas seguras como: os Contactos, o Calendário, o Protondrive (semelhante ao Google Drive), o ProtonVPN, um túnel privado e seguro e o Proton Bridge, que permite fazer a ponte entre o e-mail, e um cliente de e-mail instalado no computador. Algumas destas ferramentas ainda estão em fase beta, mas até ao fim do ano estão disponíveis.
Conclusão
O Protonmail está longe de se tornar uma escolha massiva, mas a sua visão encaixa bem com a maior procura de serviços que tenham real preocupação com a segurança e privacidade dos nossos dados.
IMAGEM DE CAPA POR: Joana Afonso