Quando divulgada, na terça-feira passada, a Sony ZV-1 surpreendeu muitos, ao reunir muitas das funcionalidades que durante anos nos queixámos (utilizadores, profissionais e jornalistas de tecnologia e fotografia) que faltava à série RX100, se quisessem dominar o mundo do vídeo, conforme estavam a dominar no campo da fotografia.
Foi a pensar nessas constantes sugestões que a Sony decidiu surpreender o mercado, com o lançamento desta ZV-1. O primeiro ponto que destaca esta câmara da RX100-VII é o seu preço, de uns quase insustentáveis €1300 para uns mais acessíveis €800.
Perder para ganhar
Claro que para se atingir esta poupança, a Sony teve que ceder em alguns pontos, como os materiais de construção, que são essencialmente plásticos, face ao corpo metálico da gama RX100. Existem outros detalhes que desapareceram, como o popular visor electrónico, tão característico nas RX100 desde a terceira geração, bem como o flash integrado que, verdade seja dita, raramente era utilizado.
Em termos de objectiva, vemos um retrocesso para uma solução já conhecida, mas tinha deixado de ser usada, a aplicação de uma objectiva 24-70 mm f/1.8-2.8, em vez da mais recente 24-200 utilizada nas RX100 VI e VII, Esta solução garante melhor captação de imagens em situações com condições luminosas limitadas, auxiliado pelo sensor retroiluminado Exmor RS de uma polegada, e o já conhecido processador de imagem BIONZ X.
Feito para vídeo
Este sensor, embora originalmente criado para fotografia, já no passado tinha revelado excelentes capacidades na captação de vídeo, sendo agora verdadeiramente aproveitado, nesse campo, na ZV-1. Capaz de ajustar, de forma totalmente automática, todos os parâmetros da imagem de forma exemplar, poderá esperar uma imagem de elevada qualidade em resolução 4K com 30 (NTSC), 25 (PAL) ou 24 fotogramas por segundo. Suporta ainda vídeos time-lapse, bem como os modos de alta velocidade, que permite criar vídeos em câmara lenta, com um máximo de 1000 fotogramas por segundo a 1080p.
Poderá ainda usar os avançados codecs XAVC de 100 Mbps de bitrate, bem como os perfis de imagem avançados Hybrid Log-Gamma e S-Log 2, ideal para quem gosta de ajustar os esquemas de cores durante a edição do vídeo. A objectiva incluí ainda um filtro ND, fundamental para situações com exposição de luz solar exagerada, como filmagens na rua durante as horas de almoço.
Destaque ainda para a colocação de um botão de gravação de vídeo de grandes dimensões no topo, bem como de um feixe de luz vermelha à frente, que indica sempre que estivermos a gravar. Também no topo, onde anteriormente estava o flash, está agora o microfone interno de três cápsulas direccionais, que pode ser protegido com o filtro corta-vento fornecido, que se encaixa na sapata disponível. Esta, por sua vez, pode ser usada para instalar um flash LED, ou um microfone externo, tirando assim partido da entrada jack.
Funções avançadas
Tendo sido criada para produtores de conteúdos, a Sony decidiu integrar nesta ZV-1 um conjunto de funcionalidades novas e inovadoras, como botão programável C1, que tem por defeita a função de desfocar o fundo, que é na realidade a objectiva a forçar uma abertura f/1.8, regressando a f/2.8 quando desactivado. Este sistema só está, porém, disponível quando a objectiva está na sua menor amplitude, de 24 mm.
Existe ainda a função de Apresentação de Produto, que permite “ensinar” o sistema de focagem automática a realizar transições de focagem rápidas e fluidas entre o rosto do sujeito e o objecto posicionado à frente da câmara. E, já que falamos em focagem automática, esta ZV-1 utiliza o excepcional sistema já conhecido da RX100 VII, ou seja, um sistema AF híbrido, composto por 315 pontos de focagem de detecção de fases e 425 pontos de focagem por detecção de contraste.
Este sistema revelou estar ao nível de máquinas de segmentos superiores, como a Alpha 9, ou seja, é extremamente preciso na detecção de faces e olhos, sejam eles de humanos como de animais. Infelizmente este sistema não consegue detectar olhos se estiver a usar uma máscara, ou seja, o sistema exige reconhecer o rosto para identificar os olhos para poder focar.
Nem tudo é perfeito
Embora a Sony tenha conseguido reunir um conjunto de soluções que tornam esta câmara muito atraente para quem precisar de uma câmara compacta para vlogging, existem algumas falhas que devem ser referidas. Começamos pela distância focal mínima de 24 mm, esta exige a utilização de um selfie stick ou um gorillapod para afastar a ZV-1 da sua face, para conseguir um campo de visão mais amplo.
Esta situação é ainda mais problemática se decidir usar o modo de estabilização máximo (Activa), que junta a já de si excelente estabilização óptica com a estabilização electrónica da imagem, mas que tem como contrapartida efectuar um recorte da imagem. Outro pormenor que deve ser imediatamente desligado é o sistema de Efeito Pele Suave, que aplica um filtro de suavizar a pele, que vem activo por defeito.
Por fim o grande calcanhar de Aquiles desta máquina, a sua minúscula bateria de 1240 mAh, que segundo a Sony permite captar 260 fotografias ou 45m de vídeo 4K com uma só carga. Obvio que isto é suficiente para captar pequenos vídeos aqui e ali, mas recomendamos a compra de uma bateria adicional, uma vez que a entrada Micro-USB disponível (não tem USB-C) não suporta carregamento rápido da bateria.
Distribuidor: Sony
Site: sony.pt
Preço: €800
Ficha Técnica
Sensor: 20,1 MP (CMOS Exmor RS 1.0″)
Processador de Imagem: BIONZX
Ecrã: 3,0 polegadas táctil basculante
Gravação de Vídeo: 4K até 30 fps
Objectiva: Zeiss Vario-Sonnar T* 24-70mm f/1.8-2.8 (equivalente)
Dimensões: 105,5 x 60 x 43,5 mm
Peso: 294 gr (c/bateria e cartão de memória)