A WalliD funciona como um «intermediário entre as infraestruturas tecnológicas das entidades que emitem documentos e os consumidores», explicou à PCGuia, o co-fundador e CEO da empresa, Filipe Veiga. A solução faz a ligação e permite que os serviços validem os documentos que «o utilizador tenha guardados numa carteira (wallet) digital com tecnologia blockchain da Ethereum».
Incubada na Caixa Mágica Software, a WalliD foi criada por Filipe Veiga e Vitor Viana e nasceu no âmbito do departamento startup lab que «procurava problemas que precisavam de ser resolvidos nas indústrias em que a empresa actuava» revelou o CEO. Os empreendedores viram uma oportunidade de negócio na gestão de identidades online conforme salientou o co-fundador: «Quando começámos a explorar soluções vimos que havia uma necessidade muito grande no mercado digital, nomeadamente, na forma como um utilizador online consegue provar que é quem diz ser».
Os métodos existentes «são arcaicos e envolvem enviar digitalizações de documentos de identificação, o que é uma forma insegura». Por outro lado, «os negócios que necessitam dessa validação da identidade ao terem estes sistemas não conseguem dar uma resposta eficaz nem imediata», esclareceu. O blockchain permite «resolver a questão da segurança e da privacidade dos dados do utilizador e tem também a instantaneidade da transferência de informação para os serviços de uma forma confiável, em que não é preciso ter pessoas para fazer isso porque a ferramenta fá-lo de forma automática», disse Filipe Veiga. É por isso que a solução «é diferenciadora» em relação ao que existe no mercado.
A escolha da Ethereum
A tecnologia blockchain escolhida pela WalliD foi a Ethereum e os motivos apontados para tal são «as funcionalidades de smart contracts, web3 e o facto de a Aptoide, que também foi incubada pela Caixa Mágica, já trabalhar com a mesma» e isso «ter facilitado a aprendizagem».
No âmbito da segurança, a web3 presente na Ethereum é fundamental pois «elimina a necessidade de os utilizadores terem de criar contas com logins e passwords» sendo a partilha a informação da wallet feita de forma «encriptada» para que só a entidade que vai validar a informação, «em quem o utilizador confia, tenha acesso aos dados». Além disso, o protocolo da WalliD segue o princípio «data protection by design and by default» estando em cumprimento com o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia.
Começar em Portugal para chegar longe
O mercado português é o ponto de partida e serve para testar o piloto que «será lançado com a plataforma Docusign ainda este ano», mas a internacionalização está nos planos da startup conforme referiu Filipe Veiga: «Queremos começar a internacionalizar e em princípio será por Espanha e por outro país europeu». As ideias para o futuro são também claras: «Escalar rapidamente e validar utilizadores de qualquer lado do mundo e em diversos serviços». Entre os serviços que poderão usar a WalliD estão governos, universidades, empresas, clubes desportivos e serviços financeiros. É junto das fintechs para fazer «o onboarding automático de clientes» e das «plataformas de carsharing, para validação da carta de condução em segundos» que a startup quer ter os seus próximos casos de uso e vai trabalhar nos próximos tempos.
Em 2019, a WalliD conseguiu um financiamento da Armilar Venture Partners e da Imprensa Nacional – Casa da Moeda que permitiu aumentar a equipa para cinco pessoas e financiar o primeiro ano de operação.