O melhor é começar logo pela parte má: FIFA 20 é um jogo que não devia existir; aliás, desde a versão 17 ou 18 que não devia ter saído mais qualquer jogo da EA relacionado com futebol. A razão é simples: não há nada, mesmo nada, que justifique o lançamento, ano, após ano, de um jogo completo de setenta euros que, no fundo, continua 90% igual, fora alguns ajustes cosméticos e de jogabilidade. E, estes últimos, só têm tornado a experiência pior. Mas já lá vamos.
O regresso do futebol de rua
Há uns anos, a EA pegou na “marca” FIFA e lançou um jogo de futebol de rua, o FIFA Street. Estávamos em 2005 quando isto aconteceu e, a verdade é que este título era bem divertido de jogar. Havia apenas cinco elementos em campo, de cada lado (como se fosse uma partida de futebol de salão) e muitos truques para fazer, mesmo à medida dos artistas do comando e das fintas. Depois de um remake em 2012, o futebol brinca n’ areia está de volta e logo pela porta principal da EA: um modo de jogo completamente novo chamado Volta e refrescante neste (triste) carrossel em que as edições anuais de FIFA se tornaram.
Ainda que a jogabilidade continue a sofrer de vários males que a editora insistiu aplicar ao título principal, há aqui qualquer coisa de entusiasmante e nova que nos faz pegar mais em Volta que entrar no relvado com as tradicionais equipas. O jogo, nos campos de rua, mesmo no meio daqueles bairros hardcore das cidades, é rápido, cativante e com truques fáceis de fazer. As balizas parecem tocas de rato, mas isso até acaba por dar mais emoção a um modo de jogo em que podemos criar um jogador à nossa imagem e percorrer o caminho com a nossa equipa até chegar à principal competição mundial desta modalidade.
FIFA 20, um jogo que não existe
É isso, enquanto jogo, FIFA 20 não existe. E não existe porque o que temos em mão é um simples DLC com os novos plantéis e equipamentos da temporada 2019/2020 de várias ligas mundiais, onde a portuguesa continua a estar presente, totalmente licenciada. Com tudo o resto 99% igual, torna-se mais incompreensível perceber porque é que a EA ainda não tornou FIFA um update pago (por exemplo, 39,99 euros pelas actualizações anuais) e opcional.
É muito complicado encontrar algo de realmente novo que nos leve todos os anos a gastar setenta paus num jogo deste género, sobretudo quando a EA se viu ultrapassada pela Konami e por PES, no ano passado, no que respeita a jogabilidade. E é esta a palavra-chave que continua a tornar FIFA um jogo penoso, sobretudo no que respeita a movimentos defensivos – é quase preciso fazer uma combinação de botões de uma fatility em Mortal Kombat para desarmar um adversário; além disso, parece que os jogadores continuam a escorregar sobre um campo de gelo, tal são as vezes em que parecem fugir às nossas ordens; noutras, parece que o tipo a quem queremos roubar a bola está protegido por um campo de forças e nem conseguimos chegar perto para fazer pressão.
Editora: EA
Distribuidora: EA
Site: ea.com
Plataformas: PS4, Xbox One, Nintendo Switch, PC Windows
Preço: €69,99 (PS4, Xbox One), €59,99 (Windows)