No ano fiscal em curso, mesmo com as vendas do produto-estrela em abrandamento (toda a gente sabe que estou a falar de telefones, certo?) a Apple superou em quase 30% a média de ganhos do mercado e a empresa prepara-se para mostrar aos accionistas as contas do trimestre. A grande questão é, basicamente, se a companhia tem forma de aumentar a performance e fazer subir a cotação bolsista face à conjuntura presente.
A guerra comercial entre China e Estados Unidos parece endurecer num dia e amolecer no seguinte, mas na verdade os números do trimestre anterior espelham quase 20% de ganhos a menos face a uma descida de 5% em unidades vendidas.
Um dos indicadores não bolsistas a que nós, os comuns mortais poderemos prestar atenção, é à política de preços. À medida que o desejo pelo produto/marca se vai degradando (parece estarmos todos de acordo…), com a concorrência a morder calcanhares e a conquistar terreno sólido, uma das primeiras medidas a que a Apple poderá lançar mão é a alteração da linha de preços para impedir uma erosão de vendas ainda maior. Já ninguém duvida de que modelos baratos e bastante interessantes do ponto de vista de desempenho constituem hoje uma forte razão de escolha na hora da decisão de compra.
As expectativas de dividendos está abaixo do ano passado. Manda a verdade até que se diga que, desde há cinco anos, estão em queda, não muito violenta, mas estão em queda. Mas também há boas notícias. Os ganhos com serviços são a “carne” deste menu. E é suposto que esses mesmos serviços constituam cada vez mais um valor acumulado, mais a mais se olharmos para o número de subscrições de serviços recentemente anunciados, ou reformulados, que ainda têm uma boa margem de progressão.
Os números ditam estas leis. As mais lucrativas linhas de produto Apple estão mais ou menos estáveis desde há algum tempo: iPhone, serviços, Mac, iPad e wearables. Salvo alguma grande surpresa não são esperadas alterações significativas a curto ou médio prazo, mas nem investidores, nem fãs diriam que não a um truque de magia que fizesse sair da cartola de Cook uma boa notícia.
Claro que o hardware continuará a ser a “arena” deste circo comercial. No segundo trimestre as vendas na China caíram 22%. Não é claro que não continuem em declínio. Mas isso vai fazer-se notar nos lucros e, consequentemente, nos dividendos a distribuir. Basta que a tensão comercial e a guerra de tarifas se reacenda – honestamente, não tenho a devida “expertise” para arriscar uma previsão. Prognósticos, como diria o outro, «só no fim do jogo».