Que ninguém se queixe por este dias de monotonia nos mercados tecnológicos. A decisão do governo norte-americano de sancionar a Huawei por práticas irregulares em matéria de segurança nacional, práticas que afectarão muitos países e não apenas este último, vem agitar as águas e preocupará decerto muito mais do que o fabricante chinês.
Neste momento já estareis carecas de saber que a Google anunciou uma suspensão (ainda que condicional e temporária) que inclinará e muito o tabuleiro tecnológico. Desprovida de acesso ao sistema operativo Android e a múltiplos serviços Google do qual por tabela a marca utilizava, são já visíveis (pelo menos em Bolsa) os resultados desta guerra a cujo primeiro acto o mundo assistiu.
Haverá, com toda a certeza, múltiplos desenvolvimentos e um deles será inevitavelmente uma retaliação chinesa a produtos americanos. É fácil de perceber que uma corrente de ar nas relações comerciais entre a China e os EUA depressa fará com que a Apple se constipe…
O mercado chinês é o segundo mercado mundial de iPhone e se os números já mostravam algum abrandamento, a possibilidade de uma retaliação dura deverá fazer transpirar os accionistas da marca de Cupertino. E se a guerra endurecer, (tudo é possível) outras marcas dependentes do sistema operativo Android poderão também vir a ser castigadas da mesma forma (embora quase todas elas tenham uma solução alternativa com base em sistemas Android open source ou sistemas proprietários).
O mercado Android não beneficiará deste “estilhaçar” de sistemas e talvez a coreana Samsung seja verdadeiramente a única a beneficiar do facto de, por enquanto, permanecer de fora desta briga tão política quanto milionária. Privar a Apple de vender na China será duro para os números mas estou crente de que os valores envolvidos acabarão por ditar uma lei de restabelecimento do equilíbrio das coisas no seu status quo habitual. Mas a retaliação também pode trazer benefícios à Apple, se outras marcas chinesas de nomeada virem a sua concorrência ser perturbada por decisões de ordem estatal
As infraestruturas das redes 5G estarão, assim, condicionadas fortemente pela “lista negra” que o Governo americano instituiu e as acusações à Huawei são em variadíssimos planos políticos que pouco ou nada têm a ver com a tecnologia. Os danos causados à Huawei, se este conflito se mantiver, serão extensos e marcantes, mas sabemos como o mundo diplomático e político é feito de constantes mudanças de posição dos seus intervenientes. Uma coisa é certa, ainda agora se começou…