Seja como venha a acontecer – se acontecer – para nós, portugueses, a Libra não será a moeda inglesa em 2020. Ou a vamos identificar pelo apelido Esterlina ou arranjamos algo parecido como nos signos do zodíaco. No entanto, e para já, a Libra, a nova criptomoeda, baseada em tecnologia blockchain e anunciada para o próximo ano pelo Facebook, será tudo menos um espelho do que é uma balança… equilibrada.
Embora a tecnologia o prometa e as empresas fundadoras (trinta a almejar cem no lançamento – entre as quais a portuguesa Farfetch) o assegurem, à marca Facebook não lhe faltam falhas para que possa ser debatida por Fátima Campos Ferreira e seus convidados numa Segunda-Feira à noite. Não serão dois mil milhões delas, mas sendo este um número conservador de utilizadores das plataformas que ainda dominará em 2020 – Facebook, Messenger, Whatsapp e Instagram, só identificando as mais óbvias – a privacidade de 1/5 da população mundial será certamente foco de preocupação dos governos mundiais.
A introdução da Libra e da app Calibra poderá causar uma tão disrupção na economia que, a esta altura, dificilmente se podem antever cenários positivos. Apesar de anunciar estar protegida por fundos reais numa Reserva Libra, e prometer ser menos susceptível às loucas flutuações de outras criptomoedas, a economia mundial precisa de estabilidade e esta “balança” parece que vai fazer tudo, menos trazê-la.
Noutras latitudes, numa altura em que o ban de Trump à Huawei pode antever o que aconteceu com a ZTE, a empresa anuncia o próprio sistema operativo móvel, o Hongmeng. Se isto não é nome de coisa para ser comida só “entreportas” não sei o que será. No mobile, há muito que a guerra se joga entre iOS e Android e, para a Huawei sobreviver não só na China, sem Gmail, Google Maps, acesso à Play Store ou atualizações do sistema da Google, o Hongmeng será algo para ter em mente apenas numa visita à Grande Muralha.
Na senda destes dois temas… sabe, porventura, qual a nona app com mais downloads na App Store a nível mundial no primeiro trimestre de 2019? Eu conto-lhe… porque parece um conto. É uma desenvolvida pelo Partido Comunista Chinês, a Study the Great Nation, que supostamente é “imposta” a estudantes e trabalhadores pelos respectivos professores e patrões. Para poder ter acesso a todas as funcionalidades “só” pede acesso ao número de telemóvel, nome, cartão de cidadão, indústria onde trabalha, cargo que ocupa, género, data de nascimento, e-mail empresarial… tudo isto para que possa também ganhar uns pontos. Já sabe: na próxima rotunda onde encontrar a GNR e o Fisco dê-lhes um caloroso abraço.