Nuno Fonseca, CEO e fundador da Sound Particles, revelou à PCGuia que, apesar de a startup ter sido criada em Novembro de 2016, o software começou a ser criado muito antes e a ideia tem cerca de «dez a doze anos». O responsável apercebeu-se de que os efeitos visuais «mais interessantes» do cinema usavam «sistemas de partículas», uma técnica de computação gráfica onde são criados «milhares ou milhões de pontos que, juntos, criam a ilusão de fogo, explosões, fumo, entre outros efeitos». O CEO teve, na altura, a ideia de fazer «algo parecido», mas para o som. Quando acabou o doutoramento, Nuno Fonseca decidiu apostar nessa área e criou um simulador que deu origem à solução mais importante da startup: o Sound Particles.
Revolucionar a pós-produção áudio
Nuno Fonseca é muito claro sobre o objectivo da startup: «Da mesma forma que a computação gráfica revolucionou a animação e os efeitos visuais, nós estamos a tentar revolucionar a pós-produção áudio».
Segundo o empreendedor, a nova abordagem permite fazer coisas que eram «impossíveis de fazer com as abordagens habituais» e deu um exemplo: «Um sound designer que esteja a criar o som de uma batalha, tem de ir adicionando manualmente os diversos sons» e, depois de um dia de trabalho, deverá conseguir ter «talvez cinquenta sons a tocar ao mesmo tempo». A diferença, com o Sound Particles, é que, em poucos minutos, é possível criar dez mil sons espalhados por um quilométrico quadrado e exportar o resultado em Dolby Atmos ou qualquer outro formato».
Assim, a solução oferece «maior produtividade, maior escala, e melhor qualidade sonora»; estas mais-valias não passaram despercebidas ao mercado de Hollywood.
Em 2014, Nuno Fonseca foi a uma conferência em Los Angeles e conseguiu reunir-se com o estúdio Skywalker Sound, a empresa de som criada pelo George Lucas para fazer os filmes Star Wars. Aquela que é actualmente a «maior empresa de som para cinema do mundo inteiro» convidou o português a fazer uma apresentação no Skywalker Ranch e, num espaço de seis meses, o responsável acabou por fazer apresentações em todos os grandes estúdios: «Universal, Warner Bros, Paramount, Fox, Sony, Disney e Pixar». Depois disso, a solução foi usada em filmes como Aquaman, Steve Jobs, Gru – O Maldisposto 3, entre outras dezenas de longas-metragens.
Mais que o cinema
Apesar de o software Sound Particles, que já vai na sua segunda versão, ter como principal mercado a sétima arte, é também «bastante usado em videojogos, que tentam recriar o som típico do cinema», lembrou o responsável. Entre os clientes da startup estão grandes editoras como a «Ubisoft, Blizzard, Epic Games e a EA, entre outros». Além disso, a solução da empresa também é aplicada na «televisão, realidade virtual, teatro e parques temáticos». A título de exemplo, Nuno Fonseca, revelou que as novas atracções Star Wars dos parques da Disney que vão ser inauguradas este ano usam o Sound Particles.
O que reserva o futuro?
Como qualquer startup, a Sound Particles quer crescer e foi aqui que o financiamento da Indico Capital Partners, no valor de quatrocentos mil euros, veio ajudar. O fundador explicou que esse valou permitiu «aumentar a equipa» e, essencialmente, «acelerar o desenvolvimento do software». Mas Nuno Fonseca quer mais: «A nossa visão é criar um novo paradigma de software áudio, passando do nicho de mercado atual (epic sound design) para o mercado das massas».