A Emotai nasceu em 2018 mas a ideia para «criar um projecto relacionado com o uso de ondas cerebrais para aplicações fora do contexto clínico» surgiu antes, explicou a fundadora e CEO da empresa, Carolina Amorim.
Hugo Alexandre Ferreira, que foi coordenador da tese de mestrado da responsável e de Carlos Moreira, concebeu a ideia e os três começaram a «pesquisar potenciais aplicações». Os investigadores do Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica de Lisboa estudaram o mercado dos e-sports e aperceberam-se «da enorme pressão que os jogadores sentem para competir sempre ao mais alto nível». Assim, começaram a trabalhar numa solução que permitisse aos jogadores «melhorar o seu desempenho». O resultado é uma banda, para ser usada na cabeça, que recolhe informação das ondas cerebrais, e o ritmo cardíaco, para medir o stress, o foco e as emoções.
A opção por esta área não é estranha: a fundadora faz investigação em computação fisiológica ligada ao design, Hugo Ferreira trabalha no desenvolvimento de wearables e no reconhecimento de emoções com algoritmos de inteligência artificial e Carlos Moreira, actual CTO, está ligado ao desenvolvimento de interfaces cérebro-computador. O responsável técnico da startup até já criou um jogo multiplayer onde dois jogadores «cooperam para controlar uma nave espacial usando apenas os seus sinais cerebrais», revelou Carolina Amorim.
Medir para melhorar
Para a CEO o objectivo da empresa é claro: «Queremos melhorar o desempenho humano». Os fundadores da startup acreditam que «com biofeedback e prática» é possível «treinar o cérebro a reagir de uma maneira diferente em situações de stress muito elevado» e ter «capacidade de concentração» quando esta é mais «precisa».
Desta forma, os utilizadores usam a banda enquanto estão a jogar e, depois, «recebem um relatório que correlaciona o seu estado emocional com o jogo». Isto permite «perceber o que estavam a sentir em cada momento e a controlar melhor as suas emoções em jogos futuros», além de «receber métricas do próprio jogo, como rácios kill/death», explicou Carolina Amorim.
Mas a Emotai está também a trabalhar numa plataforma que vai «fornecer exercícios de concentração, respiração e meditação adaptados ao estado mental do jogador», revelou.
Diversificar
Apesar de a solução já ser capaz «de encontrar padrões relacionados com os processos cognitivos e as emoções», a startup quer «melhorar os algoritmos recorrendo à IA», disse Carolina Amorim. A responsável acredita que isso «vai abrir portas a novos métodos de melhoria de desempenho e a uma melhor qualidade de vida, no geral».
Por outro lado, a ferramenta tem potencial para outras áreas e, por isso, os fundadores já pensam em expandir a sua utilização, como esclareceu a fundadora da Emotai: «Queremos aplicar esta solução a todas as áreas que requerem um esforço mental muito grande. Depois do gaming estamos a planear entrar nos mercados de trading e na Fórmula 1».