De 1962 a 1987 a série animada The Jetsons prometia um futuro em que o horário de trabalho se resumia a uma hora por dia, dois dias por semana e robôs faziam tudo em casa. Chegados a 2019 já existem robôs que aspiram mas não que ainda conseguem fazer tudo em casa como a robô Rosie, a empregada artificial da família Jetson.
A iRobot, a que lançou o primeiro dispositivo deste género em 2002, acaba de disponibilizar em Portugal a mais recente versão do Roomba, o i7+, um robô aspirador que além de limpar o chão, consegue despejar-se sozinho, graças a uma base que serve de depósito de lixo e carregador.
O Roomba i7 em si é muito semelhante ao Roomba 960 da geração anterior, a câmara que faz funcionar o sistema de mapeamento está montada no mesmo local na parte de cima, as dimensões são mais ou menos as mesmas apenas tem mais um centímetro de altura, o sensor de objectos é o mesmo e a escova rotativa também. Por baixo, os rolos de borracha que ajudam a apanhar o lixo também são iguais aos dos modelos anteriores. Como se costuma dizer: em equipa que ganha…
Novidades
Mas existem duas diferenças importantes em relação aos anteriores: a primeira é o facto do motor de aspiração ter sido mudado de dentro do depósito de lixo para dentro do próprio robô. Isto faz com que o depósito possa ser lavado, mas todavia não ganhou lá muito em espaço. A segunda diferença é o software, que está mais rápido e tem mais opções para libertar o robô das armadilhas, como espaços limitados, cabos espalhados ou quaisquer outras coisas que pode encontrar pelo chão enquanto limpa a casa.
A base de limpeza e carregamento, a que a iRobot chamou “Clean Base” é em si um aspirador que tem um saco que consegue guardar os detritos de cerca de 30 ciclos de limpeza. Quando o i7 tem o depósito cheio retorna à base, que aspira o lixo que estiver no depósito através de uma abertura que se encontra na parte de baixo do robô. Este processo demora apenas alguns segundos, mas o aspirador da base é tão forte que faz um barulho parecido com um reactor de um avião a descolar.
O saco está colocado na parte de cima da coluna da base e pode ser removido e instalado facilmente através da tampa que está no topo da coluna.
Nas primeiras versões dos Roomba, a iRobot oferecia uns pequenos dispositivos chamados “paredes virtuais” que emitiam um feixe de infravermelhos que simulava a existência de uma parede para evitar que o robô fosse para uma zona que o utilizador não que queria que fosse. Embora o i7 ainda seja compatível com este sistema (a iRobot até inclui um destes dispositivos na caixa), o advento do sistema de mapeamento da casa tornou as “paredes virtuais” um pouco obsoletas, porque, depois do mapa da casa estar completo, o utilizador pode, através da app para smartphones e tablets, definir que espaços o robô vai limpar e quando.
O pequeno dispositivo que mencionei atrás, para além da parede virtual que pode criar, também pode servir para limitar o acesso do robô a uma área circular, por exemplo se tiver um comedouro ou bebedouro de um animal no chão, pode colocar lá perto do dispositivo para que o robô não vá de encontro a eles enquanto limpa.
Nos Roomba, a iRobot optou por usar um sistema de mapeamento que baseado numa câmara, que está apontada para o tecto, que tira várias fotografias à medida que o aspirador deambula pela casa de forma a encontrar pontos de referência. Estas fotos, em conjunto com os dados recolhidos pelos outros sensores do robô, servem para construir um mapa de todos os espaços da casa. O sistema de mapeamento da iRobot só tem um ponto fraco: a falta de luz. A câmara precisa de luz para conseguir tirar as fotografias, por isso, pelo menos até o mapa estar completo, convém que a casa esteja bem iluminada.
Uma das coisas em que notei um grande avanço nesta nova geração de robôs Roomba foi na forma como o software consegue desenvencilhar o robô de situações em que os modelos das outras gerações ficariam logo presos e suspendiam o ciclo de limpeza. Como exemplo posso referir o caso da minha sala, em que existem umas grelhas no chão, junto às janelas, que fazem parte do aquecimento central. Infelizmente o espaço entre cada peça da grelha é uns milímetros maior que a largura das rodas do Roomba. Isto fazia com que o robô quase sempre ficasse preso quando tentava passar por cima da grelha. Agora, quando o i7 passa por cima da grelha e fica preso, o software faz com que as rodas rodem e subam e desçam independentemente, o que (quase sempre) consegue libertar o robô.
Quando a bateria fica quase vazia, o Roomba i7+ volta sozinho à base para carregar. O robô demora cerca de hora e meia para ficar com a bateria completamente cheia. Assim que termina o carregamento ele retoma a limpeza no sítio onde ficou sem bateria.
Limpeza
O i7+ é uma máquina que faz o que promete: aspirar o cotão, e migalhas e outros detritos que se vão acumulando no chão. Mas é igual a usar um aspirador tradicional? Não.
Os cantos são o “Calcanhar de Aquiles” dos Roomba. Sempre foram. Para conseguir apanhar o lixo que se pode acumular nos cantos, o robô tem de passar com a escova rotativa pelo canto, o que nem sempre acontece porque só existe uma.
Uma outra coisa que também é um pouco diferente neste modelo para os anteriores é que parece que perdeu o modo “Turbo” que punha o motor de aspiração a rodar mais depressa quando a situação assim o requeria, isto tem a vantagem de tornar o i7 mais silencioso que os anteriores, mas dificulta a recolha dos pelos de animais que ficam presos nos tapetes. Principalmente aqueles pelos fininhos dos gatos.
Contacto: irobot.com
Preço: Roomba i7+ (robô mais a base) €1199, Roomba i7 €899