Reservar numa app, abrir o carro com o smartphone e até conduzir sem chave. Esta é uma realidade que chegou a Lisboa há menos de um ano e que permite a toda a gente com carta conduzir um automóvel que pode estar estacionado em qualquer rua da cidade, o chamado ‘free floating’.
A entrada deste texto é muito simplista, mas em traços gerais, é isto que o car-sharing permite. O nome, em inglês, traduz-se para ‘partilha de automóvel’ e, no fundo, é isto mesmo que acontece: os carros são partilhados por toda a gente, que esteja disposta a pagar um preço (por minuto) para os conduzir. E nem precisamos de ter a chave connosco. Como? É muito simples. Existem aplicações para o telemóvel que, com um toque, permitem abrir o automóvel e entrar. Isto é possível devido a um receptor que o carro tem e que identifica a instrução de abertura de portas, quando o cliente se aproxima do mesmo. Uma vez lá dentro, o sistema pode recorrer sim, a uma chave, que está colocada num local estratégico, e que serve para dar a ignição. Mas existem automóveis com o sistema Start and Stop que não precisam que demos à chave, sequer.
O princípio do car-sharing
Em Portugal, o primeiro serviço do género a ter impacto foi o da CityDrive. A empresa apareceu em 2014 na cidade de Lisboa e tinha sessenta automóveis: metade eram Opel Adam e a outra eram Skoda Fabia. Foi com a CityDrive que aprendemos a usar o car-sharing: fazia-se o download de uma app que, depois de feito um registo, nos dava acesso a um mapa, onde podíamos ver onde estava o automóvel mais próximo. Tocando sobre o mesmo, iniciava-se uma reserva e havia quinze minutos para começar a conduzir. Terminada a viagem, dava-se o ‘ok’ na app de o valor da mesma era debitado no nosso cartão de crédito, que já estava associado.
O serviço, que chegámos a usar várias vezes, teve algumas falhas de comunicação de início, mas funcionava bem e era bastante simples de usar. Contudo, sem que nada aparente o consiga explicar, a empresa falhou e está em risco de falência. Será que pagou o preço do pioneirismo?
DriveNow e Emov são os novos peixes no lago
A verdade é que só com o advento da Uber é que os serviços de mobilidade alternativa começaram a pegar: primeiro em Lisboa e depois no resto do País. Novas operadoras do género entraram em Portugal e isto abriu caminho para que serviços como a DriveNow (drive-now.com) e a Emov voltassem a acender a “chama” do car-sharing. A primeira pertence totalmente à BMW (começou por ser uma joint venture com a Hertz) e entrou em Portugal pela mão da Via Verde. Resultado: o preço das viagens (começa nos 29 cêntimos por minuto) vem debitado na factura deste serviço, se formos assinantes, claro. Os modelos disponíveis para conduzir são o Mini e os BMW Série 1 e o eléctrico i3.
A Emov (da PSA – Peugeot Citroen, emov.es) chegou mais tarde, em Abril de 2018, e caracteriza-se por ter apenas automóveis eléctricos C-Zero – mais concretamente, 150, em Lisboa. O preço por minuto é muito mais barato que o da DriveNow: apenas 21 cêntimos por minuto, o que o torna o serviço mais indicado para quem queira usar de forma assídua o car-sharing, em Lisboa. Contudo, a DriveNow tem mais automóveis disponíveis: 211.
Cuidados a ter
Os sites da DriveNow e da Emov têm secções onde explicam muito bem os cuidados a ter com os automóveis. Há, claro, penalizações para quem danificar os veículos ou valores a pagar em caso de acidente, com culpa e bónus se precisar de ir abastecer com o cartão que encontra dentro de cada carro. Mas há avisos genéricos que podemos deixar: primeiro, veja bem as zonas onde pode estacionar o automóvel, dado que há zonas reservadas a moradores ou não cobertas pelos serviços – os mapas da app mostra isto muito bem. Segundo, veja bem o carro antes de entrar, para ver se não há danos provocados por anteriores utilizadores, e, depois, ao sair, para ter a certeza de que não deixa valores pessoais no mesmo.