Um grupo de cientistas japoneses desenvolveu uma rede neural que consegue ler os nossos pensamentos. Não atirem já os vossos dispositivos electrónicos pela janela fora, não é bem “ler”, é mais ver. Não melhorou muito, mas vamos analisar a situação com calma.
O que os cientistas conseguiram foi fazer com que uma inteligência artificial (IA) conseguisse reproduzir padrões naturais (como imagens de pássaros) ou artificiais (formas geométricas ou letras) baseando-se na descodificação da actividade visual cortical. Trocado por miúdos, uma imagem é processada no cérebro, gerando um sinal que é traduzido pela IA num monte de manchas que se assemelham ao que foi visto. Por vezes parecem mais borrões de Rorschach, mas há resultados impressionantes.
Juntem essa análise ao arquivo gigantesco que ajudámos os algoritmos a criar com a Internet e, em breve, será provável que hajam imagens em alta resolução geradas por computador do que está à frente dos nossos olhos. Ou uma reprodução bastante fiel disso.
Portanto, não lêem pensamentos, apenas recriam o que vemos. Podem ficar menos nervosos.
E serve para quê? Para fazer máquinas iguais às do Até ao Fim do Mundo e do Strange Days (eu refiro muito estes filmes porque são muito bons): para gravar memórias e passá-las a outros, para gravar sonhos. O polígrafo parece uma diversão de feira ao pé disto. Para recriar o que apenas existe na nossa imaginação, o que não é necessariamente bom.
A parte visual já está; a seguir virão os restantes processos cognitivos e de raciocínio. Depois, como no Altered Carbon, poderemos guardar a consciência. No fim, será a máquina e não um sacerdote a provar que temos uma alma.