No final de 2016 tivemos a oportunidade de testar os óculos de realidade virtual da Sony, construídos de propósito para a sua consola: foram uma agradável surpresa. Principalmente porque a configuração é facílima e porque têm um funcionamento que superou em muito as nossas expectativas.
Os HTC Vive, que testamos nesta edição, jogam num campeonato completamente diferente, apesar de serem também uns óculos para realidade virtual. Em primeiro lugar, são bastante mais caros que os Sony: se somarmos o preço de uma PS4 com o dos PS VR, mais o da câmara necessária para que o sistema funcione, não chegamos nem a metade do preço de um sistema que inclui um computador que consiga acomodar as necessidades dos Vive e dos óculos propriamente ditos. Por outro, a quantidade e a qualidade do hardware que os Vive têm são claramente superiores ao do rival da Sony.
Use a sala toda
Os HTC Vive foram desenhados em conjunto com a Valve, a editora de jogos e responsável pela loja online Steam. Aliás, a Valve vende estes óculos na loja Steam, embora, inexplicavelmente, não estejam disponíveis para os consumidores portugueses. Mas pode comprá-los na loja online da HTC e recebê-los em sua casa. Se não os quiser comprar online poderá comprá-los em Portugal através da Globaldata.
Os Vive têm um ecrã OLED (2160 x 1200) e o sistema, depois, “divide” a resolução por cada olho, o que dá 1080 x 1200 numa imagem com efeito 3D. A taxa de actualização do ecrã é de 90 Hz e o campo de visão é de 110 graus. Dentro do dispositivo estão um giroscópio e um acelerómetro que servem para detectar a inclinação e movimento dos óculos.
Mas, como se trata de um sistema “room scale”, ou seja, que detecta a altura e posição do utilizador na própria sala onde está, existe uma série de sensores de infravermelhos nos óculos que trabalham em conjunto com dois emissores de laser infravermelhos chamados “lighthouses” que têm de ser instalados em dois dos cantos da divisão onde o sistema está a funcionar e que têm de estar em linha de vista um com o outro.
Os óculos também têm uma câmara na parte da frente que serve para detectar obstáculos que estejam na sala. O software depois avisa o utilizador da sua presença, para que não haja acidentes.
Fios por todo o lado
Uma pequena unidade de processamento é ligada a uma das saídas da placa gráfica através de um cabo HDMI ou DisplayPort e também a uma entrada USB livre. É à unidade de processamento que os Vive são ligados. Tudo isto tem o seu cabo de alimentação e respectiva fonte. Resultado: são, pelo menos, três transformadores para ligar.
Depois há os dois controlos SteamVR. Estes, felizmente, não têm fios e só se ligam à corrente quando precisam de carregar. Como se pode ver, este dispositivo está muito longe da simplicidade de instalação dos PS VR.
No que respeita ao software, os Vive funcionam directamente através de uma aplicação gratuita disponível na loja Steam, chamada Steam VR, que inclui todos os drivers e software que dão vida aos óculos. O sistema pode ser configurado para utilização em pé numa pequena zona da divisão (esta opção é também para quando se joga sentado à secretária), ou para usar toda a área da sala.
Como referimos, não é um computador qualquer que é capaz de dar uma experiência de utilização interessante com uns óculos de realidade virtual. A HTC fala em Core i5 em conjunto com uma gráfica 1060; mas uma 980 também chega.
Funciona
Testámos os Vive num computador com um Intel Core i7 6700K, 16 GB de RAM e uma Nvidia GeForce GTX 980. O sistema operativo era o Windows 10 de 64 bit. Depois de tudo configurado, e com os settings de série do software, posso dizer que a precisão de detecção de movimentos e fluidez com que tudo trabalha é admirável!
O pior de tudo é mesmo o sistema que prende os Vive à cabeça. Confesso que sou “cabeçudo”, mas os elásticos em conjunto com o peso do headset, tornam a sua utilização um pouco desconfortável ao fim de algum tempo. Mas a HTC tem a solução para esse problema – um acessório que se chama Confort Strap e que está à venda no seu site. Este, dá mais apoio ao headset e distribui o peso por várias zonas da cabeça. Até tem uns auscultadores.
Usei os Vive com o meu amado Elite Dangerous, o que precisou de alguns hacks para funcionar como deve ser. Mas, depois de configurado, consegue mostrar o que é realmente estar aos comandos de uma nave a navegar pelos sistemas solares da nossa galáxia. Joguei também dois títulos feitos de propósito para VR: o Space Pirate Trainer e o Pavlov VR, dois FPS em que se tem mesmo de usar o corpo todo. Os jogos, embora simples, são uma excelente montra para o que este hardware consegue fazer. São muito divertidos e um bom exercício! Quem disse que os utilizadores de videojogos têm de passar o tempo todo com o rabo na cadeira?
Ponto Final
Dão trabalho a montar e configurar, mas depois o resultado é uma experiência realmente imersiva nos videojogos, que nos faz esquecer de que existe um mundo real lá fora. Os Vive não se esgotam nos jogos, porque a loja Steam está cheia de software que lhe permite fazer mais qualquer coisa que andar a eliminar extra-terrestres. Pontos menos bons: cabos por todo o lado e principalmente o preço – 1049 euros é um pouco puxado, mesmo com toda esta qualidade.
+ Qualidade da experiência de utilização
+ Títulos disponíveis
– Preço
Funcionalidades: 2
Experiência de utilização: 4
Preço/qualidade: 2
Nota: 8
Distribuidor: Globaldata
Site: Globaldata.pt
Preço: €1049
Ficha técnica
Ecrã: PenTile OLED
Resolução: 2160 × 1200 (1080 × 1200 por cada olho)
Taxa de actualização: 90 Hz
Sistema de detecção: Lighthouse (2 emissores de infravermelhos)
Software: SteamVR a funcionar no Microsoft Windows ou Linux
Ligações: 1 × HDMI 1.4 ou DisplayPort 1.2, 1 × USB 3.0
Som: entrada jack de 3,5 mm para a ligação de auscultadores; microfone incorporado
Comandos: controladores sem fios SteamVR
Peso: 470 gr