Praticamente um ano depois da Microsoft ter anunciado que o Windows ia voltar a poder ser executado em dispositivos com processadores ARM, a Asus e a HP apresentaram os primeiros produtos com esta plataforma: o Asus NovaGo 2-em-1 e o tablet HP Envy x2.
Estes dois dispositivos pertencem a uma nova classe denominada “Always Connected PC” e têm como premissa oferecer aos consumidores uma mistura do melhor que os PC e os smartphones têm para oferecer. Ambos têm a forma de um PC portátil, com teclados físicos, touchpad e um sistema operativo capaz de executar os programas tradicionais para Windows. Ao mesmo tempo oferecem um modo rápido de alternar entre redes LTE e Wifi, arranque instantâneo, tempos entre cargas da bateria que podem chegar a vários dias e formatos mais leves e finos, tal como acontece com os smartphones.
O NovaGo da Asus tem 22 horas de vida da bateria ou 30 dias em standby e o acessoa redes móveis LTE pode chegar a velocidades Gigabit. Já o modelo da HP tem um ecrã com 12,3 polegadas capaz de uma resolução de 1920 X 1080, 20 horas de tempo de vida da baterias ou 29 dias em standby, teclado amovível e uma caneta. Tanto o Asus como o HP são baseados num processador Snapdragon 835 da Qualcomm e têm um modem LTE X16. Ambos incluem 8GB de memória RAM e 256 GB de espaço de armazenagem.
O sistema operativo nos dois sistemas é o WIndows 10 S, a versão do Windows que apenas pode usar aplicações compradas na loja da Microsoft, que se estreou como sistema operativo por defeito no Surface Laptop este verão. Tal como aconteceu no Surface Laptop, também desta vez os utilizadores podem fazer a actualização para a “versão normal” do Windows 10.
A possibilidade de actualização do sistema operativo é importante porque esta nova classe de computadores pessoais é diferente da primeira incursão falhada da Microsoft no mundo dos sistema operativo para processadores ARM: o Windows RT. O RT era uma versão do Windows 8 para os ARM que também conseguia apenas executar aplicações que fossem compradas na loja da Microsoft. Esta versão tinha dois obstáculos que, no final de contas, foram a causa da sua falha: a impossibilidade de desbloquear o sistema a aplicações fora da loja e o facto das aplicações terem de ser compiladas especialmente para processadores ARM.
Esta nova classe dos “Always Connected” ultra passou essas dificuldades. O sistema tem um emulador de instruções x86, as mesmas dos processadores usados nos computadores tradicionais, que permite a execução da grande maioria das aplicações para PC sem quaisquer alterações. Isto inclui aplicações da loja e todas as outras. No entanto ainda não são conhecidos muitos detalhes sobre o emulador, nem se sabe o impacto que terá no desempenho das aplicações.
O que se sabe é que o emulador funciona num sistema “just-in-time” que converte blocos de código com instruções x86 para o seu equivalente em instruções dos processadores ARM. A conversão é colocada numa memória cache em memória RAM e em disco. Isto faz com que esta tradução apenas tenha de ser feita uma vez, melhorando assim o desempenho geral da aplicação. As bibliotecas DLL são todas nativas ARM incluindo todas as que são carregadas e utilizadas pelos programas x86. As bibliotecas chamam-se “Compiled Hybrid Portable Executables” usam código ARM que foi compilado de forma a que consigam responder a chamadas de funções típicas x86.
Será normal que as aplicações que utilizem o processador de uma forma mais intensiva sofram um decréscimo em desempenho, como por exemplo o Photoshop ou Ilustrator. Já no caso de aplicações como o Microsoft Word, não se deve notar muito o impacto no desempenho. Uma coisa que não poderá ser feita nestes sistemas é utilizar drivers de hardware escritos para máquinas x86 visto que a emulação não está disponível no kernel do sistema operativo. A emulação também só funciona em aplicações x64 para 32 bits, por isso os programas que só existam em versão para 64 bits não vão funcionar neste sistema operativo.
Apesar da limitação a aplicações x86 de 32 bits, esta nova versão do Windows para ARM é o primeiro Windows de 64 bits para esta plataforma. Pode executar aplicações de 32 e 64 bits escritas para ARM. A Microsoft ainda não disponibilizou um sistema desenvolvimento de aplicações completo para ARM, mas já existe um compilador. A Microsoft também ainda não está a aceitar aplicações ARM 64 bits na loja.
Os dois computadores apresentados pela Asus e pela HP devem chegar na primavera de 2018 e ainda não indicação de preços. Espera-se que outras marcas, como a Lenovo, apresentem as suas propostas ARM brevemente.