É a expressão do ano e não parece que nos vamos ver livres dela tão cedo. Quando o presidente de uma das maiores potências mundiais usa o Twitter para mentir ou espalhar informação errada, em média, mais de cinco vezes por dia, o caso é grave. Mais: quando governos do mundo inteiro usam as redes sociais para manipular a opinião pública, em assuntos nacionais ou internacionais (criando exércitos de trolls empenhados em espalhar ideias pouco saudáveis), o caso é gravíssimo.
Mas por que é que a mentira não tem a perna curta online, especialmente com órgãos de comunicação social supostamente bem apetrechados para verificar e divulgar os factos reais? Segundo o estudioso dos media James Carey, citado num artigo do Guardian dedicado a este assunto, «as notícias não são informação, são drama».
O drama é que, para sobreviver, muitos desses órgãos de comunicação social mandam os procedimentos jornalísticos às urtigas, para terem mais visitantes. Publica-se de manhã, desmente-se à tarde. Quando desmentem. E a sociedade vai-se engasgando nas indignações diárias que inundam as timelines das redes sociais. Uma sociedade que não é isenta de culpa, por falta de sentido crítico e uma necessidade que muitos dos seus membros têm em partilhar o que é chocante, acessório, polémico. A câmara de eco da estupidez parece ter um tecto muito alto.
O que fazer? Educar os utilizadores e esperar que o tempo cure tudo. Esse artigo do Guardian diz que passámos de estar informados a ter informação. Eu acrescento «a inventar informação». Ouvir falar não é o mesmo que saber, e lá por causa de alguém ter dito, não quer dizer que seja verdade. Especialmente, se for o Trump. #sad.